Elite branca e o blackface
Ainda hoje há muita gente que desconhece ou não compreende o blackface. A prática tem pelo menos 200 anos e não se trata apenas de pintar a pele de cor diferente, segundo histórico recuperado em reportagem da BBC Brasil, em 2019. Ela remete a situações nas quais pessoas negras eram ridicularizadas para o entretenimento de brancos.
Estereótipos negativos vinham associados às piadas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Mesmo em papeis sérios, atores brancos usavam o blackface para interpretar personagens pretos, já que os negros nem eram autorizados a subir em palcos para atuar, justamente por causa da cor da pele.
Conforme movimentos antirracistas foram crescendo, o blackface foi sendo eliminado do entretenimento e, atualmente, é algo visto como vergonhoso e lamentável. Infelizmente isso não impede que a prática seja usada por algumas pessoas nos dias atuais, tal como em festas recentes de alunos do curso de medicina de Catanduva, área tradicionalmente ocupada pela elite branca, o que reforça a desigualdade social e questões que remetem à dificuldade de acesso à universidade que ainda cria um abismo entre brancos e pretos no país.
Não à toa os protestos contra a atitude dos estudantes ganhou força nas redes sociais e na voz do Movimento Negro de Catanduva, o MNC. O mínimo que se espera no desfecho desta história é que mais pessoas tomem conhecimento sobre o que o blackface representa e compreendam porque ele é tão ofensivo à população negra.
E, claro, que os jovens envolvidos no episódio possam refletir sobre o tema, amadurecerem e se tornarem cidadãos e profissionais da medicina que mereçam o respeito da sociedade.
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