Elio, o garoto que quer ser abduzido por aliens

A Pixar, o estúdio que revolucionou a animação digital com Toy Story e tantos outros filmes, antes de ser englobado pela Disney, parece estar de volta às telas em grande estilo. Elio, lançada nos cinemas brasileiros um dia antes dos EUA, é uma animação original que mistura ficção científica, humor e muitas emoções em uma jornada sobre identidade, pertencimento e o desejo universal de ser compreendido. É uma temática muito abordada por animações dos últimos tempos, mas nem sempre com sucesso, como foi o caso de Lightyear. Divertida Mente 2, em 2024, foi seu último grande evento de cinema.   

Elio Solis é um garoto de 11 anos criativo, sensível e um tanto deslocado. Ou seja, um nerd. Fascinado por vida extraterrestre, ele sonha em ser abduzido, e acaba realizando esse desejo de forma inesperada. Ao ser levado por engano para o Comuniverso, uma assembleia intergaláctica de civilizações alienígenas, Elio é confundido com o embaixador da Terra. Agora, ele precisa representar a humanidade, mesmo sem entender exatamente o que está fazendo, enquanto forma laços com criaturas excêntricas e enfrenta desafios cósmicos, ao lado de Glordon, o monstro alienígena mais fofo do Universo.

Elio passou por mudanças criativas ao longo da produção. Inicialmente dirigido por Adrian Molina (do tocante Viva – A Vida é uma Festa, sobre o tema da morte na cultura mexicana), o projeto foi assumido por Domee Shi (Red: Crescer é uma Fera e Bao) e Madeline Sharafian (de Burrow). Ambas as diretoras trazem uma abordagem sensível e visualmente ousada à narrativa, mas a marca da ideia original de Molina permaneceu, uma vez que ele se inspirou em sua própria infância em uma base militar e na sensação de ser um “estranho no ninho”.

A estética do filme foi influenciada por clássicos como Contatos Imediatos do Terceiro Grau e Alien, mas com um tom mais esperançoso e voltado à conexão emocional, afinal, ainda é um filme para crianças, principalmente, mas que vai agradar adultos também, como é comum nas produções da Pixar.

O Comuniverso foi concebido como um espaço visualmente deslumbrante, com cores saturadas e criaturas de formas não convencionais, fazendo contraste com a vida cotidiana de Elio na Terra.

A navegação emocional do protagonista foi comparada à da sonda Voyager: solitária, mas cheia de esperança de ser ouvida no vasto universo.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.