Efemeridade do querer
A eterna obra de Goethe, Fausto, retrata a miséria humana e como somos corruptos e corruptíveis a troco de fama, riqueza e notoriedade, entre outras formas de vantagens. Nesta obra, Fausto, embora sábio e inteligente, não se contentava com o que tinha, nem tampouco com as limitações humanas, até que conheceu um demônio chamado Mefistófeles.
O nosso protagonista insatisfeito com o que já conquistara vende sua alma ao demônio, deixando claro que o pacto se encerraria quando Fausto estivesse completamente satisfeito. Aludindo à ganância humana, Fausto nunca estará complemente satisfeito, já que o desejo de querer mais e mais o leva ao extremo do desejo e a eterna danação.
Claro que existem outras interpretações da famosa história, aqui levo em consideração a ganância para se perpetuar em um status transitório e inócuo. Até que ponto é válido você deixar de lado seus preceitos e valores morais para “vender sua alma” a troco de posições, dinheiro e fama. Dada à efemeridade destas, a consequência da ação imoral pode ser mais prejudicial do que benéfica, o bônus fica muito aquém do ônus.
Obviamente que os humanos são passíveis a erros, mas aqueles que envolvem idoneidade, caráter e valores morais são de longe os mais reprováveis e os que mais afetam negativamente a imagem de qualquer um que seja.
Talvez o que diz Schopenhauer, ao repensar a frase de Descartes esteja mais certo... Desejo, logo existo, talvez a querência humana seja o maior condutor dos vícios morais que temos. O desejo pelo que não temos, mesmo já tendo muito mais que outrem, é um passo para a corrupção da alma, mácula que depois precisamos encarar e nem todos estão dispostos e são capazes de lidar com as consequências.
A vida já nos traz um percurso tortuoso, buscar complicar ainda mais essa trajetória só afunda nossa alma em lama. Aprendamos a viver bem, sem que desejemos mais do que podemos conseguir, evitando corrompermo-nos com objetos e situações transitórias, pois a vida é uma grande roda gigante.
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