Educação na Era Digital: entre a proibição e a inovação pedagógica
É essencial repensar as práticas e metodologias de ensino ao analisarmos os índices de desenvolvimento da educação básica. O desinteresse dos jovens é evidente, e grande parte desse desengajamento está relacionado ao uso excessivo da tecnologia, especialmente dos smartphones. Um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, apontou que o excesso de tecnologia pode prejudicar a comunicação entre crianças e jovens, afetar o sono e causar atrasos no desenvolvimento cognitivo. Diante disso, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, em 12 de novembro de 2024, um projeto de lei que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas do estado.
Explorar e adotar novas abordagens pedagógicas não será uma escolha, mas uma necessidade, para evitar que estudantes desmotivados enfrentem uma espécie de "crise de abstinência" tecnológica. O desinteresse pela aprendizagem, aliado à falta de um olhar humanizado, já compõe um cenário preocupante, com alunos cada vez mais distantes do compromisso com o autodesenvolvimento e a transformação social.
Embora a proibição dos smartphones possa ser vista como um problema, é importante lembrar que nem todo problema deve ser eliminado. Pelo contrário, desafios podem impulsionar a criatividade e estimular novas soluções. Se educadores têm como princípio desenvolver nos alunos a criticidade, a criatividade e o pensamento reflexivo, é imprescindível que cultivem essas habilidades em si mesmos.
Como afirmou Edgar Morin, “É fundamental criar espaços dialógicos, criativos, reflexivos e democráticos, capazes de viabilizar práticas pedagógicas fundamentadas na solidariedade, na ética, na paz e na justiça social.”
Vivemos em uma sociedade acelerada, mas não devemos ceder ao desespero diante da "ditadura da velocidade", termo cunhado por Mario Sérgio Cortella como tacocracia. É hora de refletir e encontrar equilíbrio, priorizando a qualidade da educação e o desenvolvimento humano.
Conclui-se que o desafio de educar em tempos de hiperconectividade exige um equilíbrio entre a restrição e a inovação. A proibição do uso de celulares nas escolas representa um passo na tentativa de resgatar o foco e a interação social dos estudantes, mas deve ser acompanhada de iniciativas que promovam metodologias ativas e humanizadas. A transformação da educação não virá apenas pela limitação do uso da tecnologia, mas pela capacidade de educadores e gestores de reinventarem práticas pedagógicas, valorizando o diálogo, a empatia e o estímulo ao pensamento crítico.
Mais do que proibir, é preciso educar para o uso consciente e produtivo das ferramentas tecnológicas, preparando os jovens para um futuro em que saber lidar com os desafios da era digital será tão importante quanto dominar os conteúdos acadêmicos. A educação deve ser um espaço de crescimento, criatividade e transformação, onde problemas se tornam oportunidades e os alunos são protagonistas do seu próprio desenvolvimento.
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