Educação e Política

Vivenciamos um momento particularmente nefasto desde a pandemia do COVID-19, o descrédito na ciência, desvalorização de informações realmente pautadas em fatos, a necessidade de cercear o professor sob as falácias ideológicas e tudo mais que vem ao encontro de uma educação historicamente fragmentada e desacreditada. 

É incrível que seja necessário hoje em dia ainda esclarecer o significado da palavra política e a sua necessidade em qualquer área. A etimologia da palavra política traz o seguinte significado: referente à polis e o convívio cívico entre seus habitantes, bem como a organização de regras e cidadania. Trocando em miúdos, agir politicamente nada tem a ver com agir de acordo com partido político, embora ainda haja essa sinonímia propagada por quem desconhece, ou ainda mais, por quem conhece, mas faz questão de desvirtuar seu real significado. 

Com relação a isso, a educação é constantemente açoitada com as falas sobre o professor não poder ter um posicionamento político, muito embora venha com tal fala a carga de sinônimo acima citado, ou seja, ideias partidárias que divergem da conduta política exigida por qualquer cidadão, em especial, o professor, que carrega consigo importância ímpar, a de possibilitar a formação plena do cidadão.  

Aos descrentes de que a educação tem o papel de formar em seus aspectos mais diversos o cidadão, isso incluindo o aspecto político, recorreremos à Base Nacional Comum Curricular, que é o documento normativo que define as faixas etárias e traz consigo habilidades e competências que as crianças deverão aprender ao longo de sua jornada acadêmica. Para tanto, nos valeremos em específico de três das dez competências gerais da educação básica, a seis, nove e dez: 

  • 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 

  • 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 

  • 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. 

É importante conceber que educar vai além de transmitir conhecimentos construídos ao longo do tempo, muito embora seja realmente necessário para o pleno exercício da cidadania, bem como, parar com a falácia de descredibilizar o processo político envolvido intrinsicamente à educação, principalmente por quem nunca exerceu e nunca exercerá nada relacionado, vindo apenas a público para levantar informações que fogem ao todo. 

Aliás, nós enquanto professores, devemos agir combativamente contra a desinformação, mesmo com aquelas que porventura tomemos como certa, é imprescindível uma postura crítica e reflexiva por todos para com aquilo que tomamos como crível, bem como aquilo que é propagado imprudentemente e as vezes até de forma a vilipendiar o professor e o processo educativo. 

Em tempo, se faz necessário que a população esteja presente na escola, pois o processo formativo acontece em todas as esferas e a sociedade tem papel fundamental nisso, principalmente quando estamos falando de reflexões críticas acerca da cidadania, como produto de uma formação ética e moral de nossos alunos.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva