Echo: série da Marvel inaugura novo selo Spotlight da Hulu

A minissérie Echo, de apenas cinco episódios, já está disponível completa aos assinantes da Disney +, ou melhor, no Hulu, que pertence à mesma empresa, com filmes um pouco menos juvenis do que os do canal principal.

Todo mundo conhece o Homem-Aranha e os X-Men, mas alguém já ouviu falar em Echo? Provavelmente, nem os leitores mais fieis dos quadrinhos. Echo é uma obscura vilã das HQs do Demolidor, cujos poderes eram "ecoar" as habilidades de seus adversários. No UCM, ela foi reformulada como uma assassina a serviço do Rei do Crime na série do Gavião Arqueiro, por sua vez outro herói secundário dos Vingadores. Mas porque a Marvel resolveu fazer uma série de tal personagem? Para isso precisamos recuar aos tempos pré-pandemia, em que a Marvel fazia muito sucesso com praticamente tudo que lançava. Com a pandemia, deu-se uma parada nos cinemas e o investimento pesado nos streaming, com uma necessidade cada vez maior da produção de conteúdo e novidades. Os planos apra os cinemas pós-pandemia também eram ambiciosos. Não apenas a Marvel, mas a DC, pertencente à Warner. O resultado, foi o esgotamento da fórmula dos super-heróis, como vimos com As Marvels e Aquaman 2, que fecharam os "flops" das duas empresas.

Consequência: a DC fez um reboot e a Marvel cancelou séries e filmes. Ou está refilmando parte do que já estava pronto, como Echo e Demolidor. Echo era uma série sobre uma heroína étnica, surda, e com deficiência (ela usa uma prótese na perna), e foi cortado e refilmado para ficar mais “adulto” e violento. Tudo para lembrar o tom sombrio e violento do Demolidor da Netflix.

A Marvel criou então o selo Spotlight, uma vez que filmes mais "família" como Ms Marvel, por exemplo, não foram tão bem recebidos.

Echo revisita a história de origem de Maya Lopez (Alaqua Cox), cujo comportamento implacável em Nova York, como assassina do Rei do Crime, Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) a alcança em sua cidade natal. Sabemos então, via flashbacks, de sua família numa comunidade indígena, de como ela perdeu a perna num acidente provocado pelo envolvimento de seu pai, William Lopez (Zahn McClarnon) com o crime organizado, que levou à sua morte.

O fato de a Disney ter lançado apenas 5 episódios ao invés dos habituais 8, e tudo de uma vez, mostra o quanto a Marvel não acreditava mais na série. Mas como ela está inserida no universo do Demolidor, acabou servindo para reformular o próprio herói cego, ligando as séries urbanas com as muito bem sucedidas da Netflix.

Logo no primeiro episódio há um confronto entre o Demolidor (Charlie Cox), em cenas tão violentas de combate que não deixa de lembrar as séries da Netflix. E parece ser mesmo essa a intenção com o selo adulto Spotlight.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.