É vírgula, não ponto final
A evolução talvez explique porque algumas instituições precisam passar por transformações e, em alguns casos, fechar as portas e recomeçar. As coisas mudam, as pessoas mudam, as exigências mudam. Demandas deixam de existir, enquanto outras surgem e o que outrora era primordial, depois pode não ser nem mesmo importante. A crise vivenciada por algumas organizações sociais é claramente ocasionada pela economia conturbada do país, que reduz doações e verbas públicas, estrangulando quem trabalha com as contas justas, mas também é fruto do passar de gerações que reduz o número de voluntários e afasta, devido à idade ou falecimento, os abnegados que começaram o projeto ou construíram aquela história. Esse pode ter sido o contexto que levou ao fechamento da Casa da Criança Sinharinha Netto, que carrega 88 anos de trabalhos prestados à comunidade, mas que já não tem mais forças para prosseguir. Em carta aberta, a organização expressou de forma correta essa realidade, reconhecendo que suas “estruturas físicas e humanas não contemplam mais os caminhos que o ensino atual exige”. Mas é provável que a questão financeira pesou demais nessa decisão, já que, por mais que o poder público mantivesse professores, materiais, alimentação e outros insumos, é preciso ter outros funcionários para a rotina escolar e o prédio antigo e grande certamente já expressa o peso do tempo, demandando reformas e investimentos. Não é fácil, mas ninguém disse que seria. O importante, diante da decisão, é que os alunos sejam acolhidos em outro prédio e tenham o direito à educação de qualidade resguardado, ainda que sem o amor e carinho que foram marcas da Sinharinha, que tudo começou, e da Casa da Criança Sinharinha Netto, que perpetuou seu nome. E, claro, que a Fundação Padre Albino dê prosseguimento a essa história.
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