E há sempre a esperança

 

No último dia 8 de julho, sexta-feira passada, tivemos a grata oportunidade de assistir o Sarau Literário do Instituto Federal de Catanduva, que aconteceu no Teatro Municipal Aniz Pachá. O evento é realizado desde 2016 e nesse ano de 2022 teve como temática a Semana de Arte Moderna de 1922 que completou seu centenário em fevereiro passado. 

Já no saguão do teatro, vimos os trabalhos feitos pelos alunos que reproduziam obras dos modernistas. O sarau teve como abertura O Trenzinho do Caipira, de Heitor Villa-Lobos, executada pela orquestra do próprio Instituto. Seguiram-se apresentações de dança, poesia, teatro, dentro das múltiplas possibilidades que a Arte oferece, e o mais importante: tudo foi realizado pelos adolescentes que demonstraram profundo engajamento e alegria durante toda a apresentação. 

Como nos encanta ver jovens subindo num palco, vencendo a timidez e expondo ideias, sentimentos e reflexões sobre o mundo que os envolve e sobre a própria história, marcada pela Semana de Arte Moderna. Sabemos como é difícil enfrentar uma plateia quando não se tem essa vivência. É mais que uma vitória: é um alento. 

Necessário se faz parabenizar o Instituto Federal pela iniciativa tão urgente nos tempos atuais em que saraus e eventos artísticos carecem de apoio e investimentos. A equipe docente, capitaneada pelo tutor professor Carlos Júnior, conseguiu mobilizar e instigar os alunos que tiveram total liberdade para manifestar suas opiniões e provocar o público de forma inteligente e inspirada. Como isso é bom! Traz um frescor, um respiro e a esperança de novos tempos para um país que ressurge do caos; quando a educação e a cultura são desprezadas e marginalizadas por grande parte da sociedade brasileira. 

Saraus eram eventos muito comuns no século XIX, reunindo poesia, música, dança, teatro e outras manifestações artísticas. Aconteciam, geralmente, nos finais de tarde, já que sarau deriva do latim e significa “entardecer” ou “pôr-do-sol”. Atualmente, os saraus são promovidos em – em sua maioria – dentro das escolas e universidades, com o mesmo intuito de mobilizar as pessoas em torno da expressividade artística, fomentando a cultura. 

Como artistas e educadores nos encantamos com o brilho nos olhos, com a interação e cumplicidade dos alunos, com a alegria visível de quem estava ali para trocar com o público toda essa gama de conhecimento, sentimentos e necessidade de abrirmos os olhos para vislumbrarmos um amanhã mais pleno para a juventude de nosso país. 

Sabemos das dificuldades que enfrentaram para realização do evento considerando os ensaios em meio ao estudo, às provas, ao trabalho e os compromissos pessoais de cada estudante, no entanto, tudo foi superado pela energia jovial que pulsou no palco do teatro com muito talento, alguns surpreendentes! 

Realmente, há muitos talentos em Catanduva a serem descobertos! 

Temos incentivado e, dentro do possível, abrimos campo e oportunidades para alunos e jovens artistas, da cidade e região. E são inúmeros aqueles que cruzaram nosso caminho e hoje seguem pelo mundo, produzindo, trabalhando e acreditando na Arte, na Cultura e na Educação. 

Por mais saraus! Por mais Arte! Por mais Educação! Por mais sensibilização e investimento através de políticas culturais para a população, de forma democrática e abrangente.

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.