E, de novo é Natal

Oficialmente o dia 25 de dezembro, quando os cristãos comemoram o Natal, foi estipulado pela Igreja Católica no ano de 350 através do Papa Julio I, sendo mais tarde oficializado como feriado. A Bíblia nada diz sobre o dia exato em que Jesus nasceu e, por isso a comemoração do Natal não fazia parte das tradições cristãs no início do cristianismo. Mas, por outro lado, a história registra que o Natal teve origem em festas pagãs que eram realizadas na antiguidade. Nessa data, os romanos celebravam a chegada do inverno (solstício de inverno). Eles cultuavam o Deus Sol (natalis invicti Solis), e ainda realizavam dias de festividades com o intuito de renovação. Com o passar do tempo, a data ganhou novos adereços e adornos, sendo que a simbologia católica mais importante foi o surgimento do presépio criado por São Francisco de Assis, no século XIII, na Itália, que quis recriar a cena do nascimento de Jesus para explicar para o povo como teria acontecido. Mas, muito antes do presépio, a figura do Papai Noel já povoava a imaginação das crianças. A origem histórica desse personagem tão marcante está diretamente relacionada com São Nicolau de Mira, também chamado de Nicolau Taumaturgo – um bispo cristão que viveu entre os séculos III d.C. e IV d.C. São Nicolau viveu na Ásia Menor (região que corresponde, atualmente, à Turquia) e ficou conhecido por sua generosidade. Curiosidades históricas à parte, fato é que o Natal, principalmente no ocidente, é a data comercial mais importante do ano, movimentando bilhões e bilhões e gerando centenas de milhares de empregos mundo afora. É a época de a televisão aberta exibir comerciais do chester, do tender e do peru, mas também de lojas anunciando produtos com pagamentos em 12 vezes sem juros (mas na verdade escondem juros embutidos de mais de 2% a.m.), sem esquecer o comercial da Coca-Cola, com seus caminhões todos iluminados com tiras de led e uma música sempre marcante. Mas, há também o anúncio institucional do Banco Itaú que sempre traz uma mensagem diferenciada, adornada com a música tema do filme “Forrest Gump”, e a voz da delicada e singular atriz Fernanda Montenegro. No passado, eram principalmente os comerciais do Banco Nacional “Quero ver você não chorar” ou da Varig “Estrela brasileira no céu azul”, que transmitiam a emoção do Natal. Hoje não se faz mais comerciais como aqueles e o Natal, cada vez mais mercantilizado, a cada ano vai perdendo um pouco da sua magia. Mas, tal como no passado, vinte dias antes da data o comércio começa a abrir à noite, induzindo as famílias a deixarem suas casas ainda que para ver vitrines e saborear um sorvete. Vez ou outra surge um carro de som nas alturas anunciando alguma loja, embalado invariavelmente com a música de 1857, “Jingle Bells” ou “Então é Natal” versão da composição de John Lennon que, desde 1995, na voz da Simone insiste em desagradar muitos ouvidos. Mas, também não faltam os Papais Noéis nas portas de alguns estabelecimentos, no Shopping ou ainda desfilando pelas ruas centrais em lugar de destaque em camionetas ao som das mesmas músicas. Haja saco e ouvido, não é mesmo? Como em todo ano, a festa se repete com trocas de presentes até que muitas crianças descobrem que o Papai Noel não existe e os adultos se convencem de que, toda a correria e o barulho das ruas, não passa de uma fantasia, que distancia cada vez as pessoas do verdadeiro sentido do Natal. Mas, fato é que, de novo é Natal.

 

José Carlos Buch

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Autor

José Carlos Buch
É advogado e articulista de O Regional.