E a cultura, como ficará?

“A cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, através dos séculos, capacitou o homem a ser menos escravizado.”

André Malraux

Escritor francês de assuntos políticos e culturais.

 

Véspera do segundo turno da eleição estadual, em São Paulo, e para presidente da República e nunca na história do nosso país, vivenciamos algo parecido. Porque especificamente nesse ano, não se resume a uma eleição partidária, de propostas econômicas, políticas, o que já seria complexo dadas as condições e peculiaridades que envolvem cada um dos candidatos. O pleito envolve muito mais pois a nação está dividida em questões outras que extrapolam a política e derretem-se em questões humanas, de moral e de comportamento.

Princípios e valores essenciais à sobrevivência da cultura e alma do povo estão em jogo, pois não acreditemos que um país se levanta e se mantém circunscrito às promessas de emprego, saúde e economia, mas ergue-se determinante através do conhecimento, do investimento humano, do respeito à vida, do incentivo cultural.

De nossa parte, há quase de quarenta anos de vida artística e educacional em nossa cidade, região, estado, país e todas as vivências estrangeiras, presencialmente ou remotamente, as propostas voltadas ao setor cultural são fundamentais. Nós sabemos, obviamente, o quanto a cultura é essencial para um povo. Todos deveriam saber, independentemente de suas áreas de atuação e experiência. Cultura deveria ser, para todas as pessoas, tão relevantes como o ar que se respira.

Sim, há sorrisos de sarcasmo e ironia diante do que expusemos acima e, sinceramente, só denotam a ignorância de muitas pessoas ante um fato irrefutável: sem cultura, somos nada. Sem a cultura, a ignorância predomina. Onde prevalece a ignorância, há escravidão. A pior delas é aquela que torna o homem submisso ao fanatismo, à intolerância, sem bom senso, total ausência de lucidez diante dos fatos, enfim, a escravidão afunda o homem, cada vez mais, na escuridão do conhecimento e do sentido de humanidade. Perde-se a alma!

Por isso, as propostas para educação e cultura merecem total atenção de todos nós, eleitores, porque delas dependem não só apenas nosso futuro a curto, mas a médio e longo prazo. Uma nação que tenha investimento em educação, ciência e cultura, constrói

seu futuro com certezas e luminosidade, garantindo acesso a formação profissional a todos jovens que, atualmente, estão entregues à falta de uma política real na educação. Universidades sucateadas, fechando portas, por fim, um total desprezo ao avanço científico, humano e cultural.

Nosso papel é simples, porém crucial: votar conscientemente visando um futuro melhor para o nosso país, para nossas crianças e jovens, um amanhã de oportunidades para todos, um tempo novo de crescimento humano, justiça social, riqueza cultural, avanço científico, onde haja modernidade, justiça social, sem perseguições fundamentalistas, sem racismo, sem homofobia, sem machismo, com respeito às minorias e investimento abundante para o povo, com toda sua riqueza cultural e humana.

Em tempo:

A Cia da Casa Amarela encerra o projeto “Recontando Contos: Histórias com Caminhos”, hoje, dia 29, no Sesc Catanduva, às 15:00h, com o clássico “Na estrada para a casa agora eu vou... Branca de Neve”. O evento é gratuito e acontece no Espaço de Brincar.

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.