Dragões, espadas e bruxos: o retorno da magia

Game of Thrones foi um fenômeno na televisão mundial e na internet, baseado na obra do escritor George R. R. Martin – cujo nome de autor é uma homenagem a J. R. R. Tolkien, autor da trilogia O Senhor dos Anéis. A Casa do Dragão, prequel de Guerra dos Tronos, começou no final de agosto, pela HBOMax; no começo de setembro, foi a vez de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, da Prime, que reconta o princípio da trilogia.

A Casa do Dragão foca na história dos Targaryens, a família real de Westeros, 172 anos antes do nascimento de Daenerys. Ao contrário de Guerra dos Tronos, que ultrapassou os livros de Martin (de sete, ele escreveu cinco, até agora), o que obrigou os roteiristas inventarem o final da história, de maneira não muito bem recebida pelo público – a nova série é baseada em dois volumes de Fogo e Sangue, já completos e sob supervisão do escritor.

Como história de origem da família de cabelos prateados, que dominava através dos dragões, no centro da narrativa está uma disputa familiar que antecede a inevitável morte do Rei Viserys (Paddy Considine), um líder pacífico, que precisa decidir quem será o seu sucessor ao Trono de Ferro. Ele escolhe a filha adolescente Rhaenyra (Milly Alcock na primeira fase), que já voa em seu próprio dragão, ao  invés de seu violento irmão Daemon (Matt Smith). ]

Como em GofT, há inúmeras intrigas e discussões políticas e sociais, inclusive sobre o papel da mulher naquela sociedade – ou na nossa. Quando, entretanto, o rei doente resolve se casar com Alicent Hightower (Emily Carey na primeira fase), filha de Otto Hightower (Rhys Ifans) – que também é a Mão do Rei –, e Daemon decide se exilar. E temos inúmeras sequências de traições, alianças e articulações entre o clã Targaryen e as Casas aliadas.

A Casa do Dragão não esconde que tenta se ligar à série original, usando até a mesma trilha sonora, com uma introdução no mesmo estilo. A recriação de Porto Real e outros pontos importantes no mapa de Westeros, assim como o visual elaborado dos “novos” e ágeis dragões são irrepreensíveis. A temporada terá 10 episódios, sempre aos domingos.  

O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder promete ser mais polêmico. Uma das críticas mais feitas à obra de Tolkien, escrita no começo do século passado, era a quase ausência de personagens femininas relevantes. Os oito episódios da temporada, exibidos a cada quinta, recriam com roteiros novos, embora baseados nas obras originais, a história de como os anéis foram forjados, dando protagonismo a diversas mulheres – sejam elfos ou hobbits, assim como tornando a Terra Média um pouco mais diversificada etnicamente. Uma série de protestos puristas, às vezes racistas e sexistas, se fez ouvir na internet, principalmente pela retratação de Galadriel (Morfydd Clark) como uma guerreira, além da existência de elfos e anões negros no elenco.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.