Doar órgãos e salvar vidas
O transplante de órgãos representa a chance de vida nova. Essa boa ação só não é mais recorrente devido a uma questão cultural e, claro, à falta de conscientização sobre o tema. Quando há o óbito e a possibilidade de coleta de órgãos, as equipes dos hospitais entram em cena para acolher e dialogar com os familiares, pois são eles que têm o poder de decidir – por mias que o doador tenha manifestado tal vontade em vida. O complicado é que tal decisão precisa acontecer em meio a um momento de profunda dor e luto – e numa corrida contra o tempo. Por isso fica tão difícil para o profissional que faz a abordagem convencer a família. Essa conscientização precisa vir de muito antes, ser algo intrínseco, que o óbvio seja a doação e a negativa uma exceção; hoje é o contrário. Talvez o assunto possa ser abordado nas escolas, faculdades, em campanhas de publicidade. Quando a pessoa ouve o assunto desde a educação infantil, pode compartilhar o aprendizado em casa e guardar isso na sua memória, nem que seja lá naquela caixinha do subconsciente para, quando provocada, expor que doar órgãos é algo bom e essencial para salvar vidas. Precisa ser uma resposta natural, uma obviedade sobre a qual não se discute. Estamos muito longe desse cenário tido como ideal, mas, de todo o modo, as coisas vêm acontecendo a partir de trabalhos sérios das equipes dos hospitais, ainda que seja um a um. Somente essa semana, o Hospital Padre Albino realizou sua primeira captação de múltiplos órgãos no ano, enquanto o Hospital Emílio Carlos mobilizou equipe do InCor e da FAB, a Força Aérea Brasileira, para o transplante de um coração. Que os bons ventos soprem sempre a favor e que as pessoas possam contribuir para elevar as estatísticas e salvar vidas.
Autor