Distribuidora Obras-Primas do Cinema lança filmes de palhaços assassinos

Reconhecida no mercado de DVDs e Blurays brasileiro, a distribuidora Obras-Primas do Cinema lançou recentemente uma caixa com quatro filmes de terror com palhaços assassinos. O box ‘Sessão da meia-noite: Palhaços assassinos’ está disponível para venda, no site da distribuidora, em https://www.colecioneclassicos.com.br/. Conheça os filmes, abaixo, com comentários meus.

Diversão macabra

Lançado em 2008, a coprodução EUA/Hungria, dirigida por John Simpson, é um filme de terror independente trash, sobre três amigas de infância que caem nas mãos de um perigoso serial killer, que as aprisiona num galpão abandonado e as tortura, vestido de palhaço. Cruel, cheio de sadismo, o assassino tem um plano horripilante para cada uma delas. Com poucas mortes, mas muita perseguição e gritaria, o filme tem traços de ‘O médico e o monstro’, com doses extras de violência. O roteiro é de Jake Wade Wall, que já havia escrito filmes de psicopatas, como os remakes ‘Quando um estranho chama’, de 2006, e ‘A morte pede carona’, versão de 2007. No elenco tem Jessica Lucas, Katheryn Winnick, Keir O'Donnell e participação especial de Rena Owen. Longe de ser especial ou marcante, apenas assistível e para fãs de terror macabro.

Stitches: O retorno do palhaço assassino

Coprodução Irlanda/Suécia/Reino Unido, de 2012, com direção de Conor McMahon, é um dos melhores filmes do box da Obras-primas do Cinema. Feito com baixíssimo orçamento, é uma comédia de terror propositalmente tosca, com cenas altamente sanguinárias, com sangue bem vermelho espirrando na tela e cabeças sendo cortadas. O comediante e humorista stand up inglês Ross Noble estreou no cinema aqui, na pele de um palhaço que trabalha em festas de crianças. Numa tarde, os pirralhos de uma festinha o castigam, até chegar a uma fatalidade – ele morre ao tropeçar nos cadarços amarrados por um dos meninos bagunceiros. Seis anos depois, os meninos viraram jovens, estão no colegial e se preparam para uma festa até altas horas da madrugada. O palhaço Stitches sai do túmulo em busca de vingança, invadindo a festa e tocando o terror. Mortes inusitadas, humor negro de sobra e muitas armadilhas cruéis tornam o filme diversão total. Vá preparado sabendo que é um pastelão com monstruosidades!

Clown

Estreia de Jon Watts no cinema, depois de uma dezena de curtas e clipes musicais. Norte-americano, Watts depois faria bons filmes e alguns conhecidos do público – ‘A viatura’ (2015), um suspense caprichado com Kevin Bacon, e a dose tripla ‘Homem-Aranha: De volta ao lar’ (2017), ‘Homem-Aranha: Longe de casa’ (2019) e ‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ (2021), os que renderam maior bilheteria da franquia e pra mim os melhores capítulos do famoso super-herói. Watts aqui investiu no body horror, uma fita menor de terror, com escatologias e perversidades. É a história de um rapaz que encontra uma roupa de palhaço e a veste para a festa do filho pequeno. Só que a roupa gruda nele, e o coitado nunca mais consegue tirá-la. Aos poucos, a roupa, amaldiçoada, mistura-se ao seu corpo, transformando o jovem num palhaço demoníaco. O sobrenatural e o horror orgânico se encontram nesse filme curioso e assustador, com cenas aflitivas, cuja classificação indicativa é de 18 anos. Protagonizado por Andy Powers, tem participação de Peter Stormare e há momentos que lembra ‘It’, de Stephen King. Para público de estômago forte.

Terrifier: O início

Primeiro longa-metragem com Art, o cruel palhaço assassino, que se popularizaria três depois, com ‘Terrifier’ (2016), ganhando um filme próprio com mortes escabrosas e muito sangue. Esse ‘Terrifier: O início’ é uma prévia do que viria a ser a futura franquia; aqui, o assassino aparece pouco, na verdade ele nem é a figura central. O filme era derivado do curta-metragem ‘Terrifier’ (2011), um pequeno projeto autoral de Damien Leone, com um palhaço assassino atacando nas ruas escuras. O ator que interpreta Art, no curta, retorna aqui no mesmo papel, Mike Giannelli. Na história, uma babá, durante uma noite de trabalho cuidando de crianças numa residência, perambula pelos cômodos e encontra fitas VHS numa sacola. Resolve assistir ao conteúdo e depara-se com cenas reais de uma antiga gravação com crimes chocantes. Nelas, Art, o palhaço, aparece, só que ele será o pesadelo da babá horas depois quando ‘sai’ das fitas para atacá-la de verdade. Tem gore e violência, mas nada comparado aos três próximos filmes que Leone dirigiria, considerado pelos fãs os ‘verdadeiros Terrifier’.

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva