Distópicas ideações

Muitos ainda não conhecem o mito platônico intitulado A Caverna, texto esse que está presente no livro A República (Platão), nele, algumas pessoas viviam presas em correntes dentro de uma caverna, todas voltadas para a parede, atrás delas havia uma fogueira, que por sua vez, projetava sombras para esta parede.  

Com a movimentação das pessoas, as sombras projetadas passavam a ideia de realidade para os presos, que se conformavam com aquilo que tomaram como verdade, certa vez, um dos presos conseguiu desvencilhar-se de seus grilhões e pôs-se em direção da saída da caverna e encontrou um mundo cheio de cor, vida e descobertas. Tomado por compaixão, decide retornar até sua antiga prisão e comunicar aos demais prisioneiros o mundo que havia descoberto, porém, para sua surpresa, o acusaram de louco e com medo de que suas “ideias” viessem a contaminar os demais, mataram-no. 

Muitas vezes em nossas vidas estamos envolvidos em ideações totalmente obscuras, com medo de olhar para uma nova concepção, envoltos numa bolha que nos afasta da possibilidade de encarar o mundo por perspectivas difusas e diferentes daquelas que achamos corretas, mesmo quando o mundo vem apontando para outra forma de pensar.

Embora o ser humano seja em sua essência, um ser social e através deste processo civilizatório é que são construídos culturas, sociedades e etc., é através deste mesmo processo, porém acrescido de coações, imposição de força e uma pitada de alienação, que por muitas vezes, nos igualamos aos prisioneiros do mito acima citado e “matamos” aqueles que tentam nos iluminar. 

Mudar exige tomada de consciência, principalmente quando há necessidade de avaliar a opinião do outro, ponderar situações e ainda sim, mediá-las de forma consciente, sem que sejamos os alienados que vão na contramão das descobertas do mundo. 

Que não sejamos aqueles que observam o mundo através das sombras, mas sim o desbravador que a cada dia, descobre um mundo novo de possibilidades e que compartilha com seus iguais a possibilidade de avançar num mundo melhor.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva