Dinheiro mais curto

Um comerciante dizia ontem que há cerca de três ou quatro meses as vendas começaram a diminuir. Que algumas famílias chegam ao seu estabelecimento e, apesar de precisar de três ou quatro itens, compram apenas um. É, para ele, a prova de que as demandas continuam existindo, mas que as pessoas não têm dinheiro para atendê-las, por isso vão levando a vida como dá. Como se diz, vão ao limite das possibilidades, do parcelamento e do endividamento. O reflexo do que ele diz talvez possa ser visto na geração de empregos, que despencou no mês de outubro, sem contrariar o histórico do município de registrar resultados ruins na reta final de cada ano. Outro indicador, visto em levantamento divulgado na edição de ontem de O Regional, é a existência de 43 mil devedores com nome sujo no mercado devido ao não pagamento das custas cartorárias para a baixa. No ano passado, eram 2.575 devedores nessa situação na cidade. O salto mais significativo é visto no segmento empresarial. Se 2.182 CNPJs estavam autorizados a cancelar os protestos em 2023, agora são 38.829 pessoas jurídicas que quitaram suas dívidas com os credores, mas não realizaram o cancelamento do protesto. Apesar de não ser possível saber a natureza do título pendente, dá para pressupor que tais empresários não estão com suas empresas ativas ou estão enfrentando dificuldades para manter as portas abertas, uma vez que os protestos impedem a liberação de créditos ou ao menos indicam que aquele não é um bom pagador. Certamente essas mais de 43 mil pessoas não deixaram os protestos parados por mero esquecimento ou porque não se importam com isso – deve ser a falta de dinheiro para destinar para essa finalidade, pois há outras mais importantes, até que essa se torne de fato a prioridade.

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.