Diga sim à doação de órgãos

O transplante de órgãos representa a chance de vida nova e a redução da taxa de doação é um indicador preocupante. Sobretudo diante de um cenário em que há aumento de potenciais doadores. O problema todo recai sobre a cultura do povo e a falta de conscientização sobre o tema. Quando há o óbito e a possibilidade de coleta de órgãos, equipes dos hospitais entram em cena para acolher e dialogar com os familiares, pois são eles que têm o poder decisório. Entretanto, imagino você ter de decidir isso em meio a um momento de luto sem ter tido sequer uma reflexão anterior ou mesmo uma conversa prévia sobre o tema? Fica muito mais difícil para o profissional que faz a abordagem efetivar o convencimento e, consequentemente, que a doação aconteça. Essa conscientização precisa vir de muito antes, ser algo intrínseco, que o óbvio seja a doação e a negativa uma exceção; hoje é exatamente o contrário. Como educar sobre o tema é outra questão complexa. As campanhas sempre frisam a importância dessa ação e também já apostaram em depoimentos emocionados de quem teve a vida prolongada a partir da doação de um órgão. Com certeza devem ter alcançado algum público, mas é óbvio que esse alcance é limitado, assim como as verbas para realização das próprias ações de marketing. Talvez o segredo recai, como tantos outros temas, na abordagem nas escolas ou, melhor ainda, que o assunto seja tratado em sala de aula pelos próprios educadores – que precisam, em suma, ser apoiadores dessa causa. Quando a criança ouve o assunto desde a educação infantil, pode compartilhar o aprendizado em casa e guardar isso na sua memória, nem que seja lá naquela caixinha do subsconciente para, quando provocada, expor que doar órgãos é algo bom e essencial para salvar vidas. Precisa ser uma resposta natural, um ato-reflexo, uma obviedade sobre a qual não se discute. Quando chegarmos a esse estágio, as estatísticas serão outras.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.