Já imaginou como seria sua vida sem poder saborear um pão francês quentinho, desfrutar de uma cervejinha gelada, deliciar-se com um bolo de chocolate ou apreciar uma pizza saborosa? Infelizmente, essa é a dura realidade enfrentada diariamente por pessoas que sofrem com a doença celíaca.

A doença celíaca resulta de uma reação exagerada do sistema imunológico ao complexo gliadina-tranglutaminase. A gliadina é um dos componentes do glúten e a transglutaminase é uma enzima presente na parede do intestino delgado envolvida na metabolização da gliadina. Essa resposta imunológica causa inflamação crônica do epitélio intestinal, levando a atrofia das bordas do intestino delgado, estruturas fundamentais para a absorção dos nutrientes da digestão.

Dessa forma, indivíduos celíacos, quando fazem ingestão de trigo, cevada, malte ou qualquer outro alimento que contenha glúten, podem apresentar desde sintomas classificados como típicos, como: diarreia ou constipação crônica, gases, distensão abdominal e perda de peso, até quadros como: artrite, dermatite herpetiforme, neuropatia periférica, infertilidade, hepatite, dor de cabeça, epilepsia, depressão, ansiedade e outros, considerados como sintomas atípicos.

Em função do prejuízo na absorção de nutrientes, os indivíduos acometidos podem desenvolver ainda uma série de condições resultantes da falta de vitaminas e sais minerais, como a osteoporose, anemia e outros.

A doença celíaca afeta duas vezes mais mulheres do que homens, e os sintomas iniciais podem surgir em diferentes fases da vida. Apesar da importância dessa condição, estudos sugerem que, para cada diagnóstico de doença celíaca, existem de três a sete pacientes que permanecem sem diagnóstico. Muito provavelmente, porque estes não apresentam os sintomas classificados como típicos ou clássicos.

Para aumentar a conscientização sobre essa doença muitas vezes negligenciada, é celebrado em 16 de maio o "Dia Internacional de Conscientização sobre a Doença Celíaca". Nessa data, órgãos de saúde pública de diversos países se unem para educar a população sobre a doença celíaca e outras questões relacionadas ao glúten, promovendo suporte e informação essenciais para aqueles que enfrentam essas a doença.

O diagnóstico da doença celíaca é realizado por meio de um exame clínico em que o especialista avalia os sintomas apresentados pelo paciente e pode solicitar uma série exames como biópsia do intestino delgado e exames de sangue específicos como dosagem de anticorpos. Todos esses exames são disponibilizados pelo SUS que também oferece acesso a medicações e acompanhamento nutricional essenciais para o tratamento da doença celiaca

No Brasil, ainda não existe um dia nacional dedicado à conscientização sobre a Doença Celíaca. No entanto, está em tramitação na Câmara dos Deputados um o Projeto de Lei 6666/16, que visa instituir o "Dia Nacional da Pessoa com Doença Celíaca", a ser celebrado em 20 de maio de cada ano. Há também o Projeto de Lei 2484/21, que propõe tornar obrigatória a inclusão do símbolo "Grão Cruzado" nas embalagens de alimentos livres de glúten, visando facilitar a identificação e garantir a segurança alimentar das pessoas com doença celíaca e outras condições relacionadas ao glúten, uma vez que o acesso a alimentos adequados e a um custo acessível, representam um grande desafio.

O debate em torno da doença celíaca é fundamental para que cada vez um número maior de pessoas se conscientize sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado, evitando consequências graves que a doença pode causar.

Participe dessa conscientização orientando as pessoas próximas a respeito da doença celíaca e a procurarem um profissional especializado caso apresentem sintomas persistentes típicos ou atípicos como aqueles aqui descritos. Dessa forma, podemos contribuir para amenizar o sofrimento que muitas pessoas carregam durante anos.

Samuel Alcântara de Amorim – 3º ano

Maria Eduarda de Brito – 1º ano