Dia 15 de outubro é tradicionalmente comemorado o Dia dos Professores, dia este que é possível notar diversas publicações, agradecimentos, reflexões e grande apreço aos professores. É óbvio que uma data que reconheça a importância dos professores na sociedade e na formação humana é importante, mas é importante refletirmos em alguns níveis a data e o que realmente é importante valorizar. Para tanto, vamos pensar em três grandes níveis, o político e seus respectivos representantes, o social e o próprio docente em si.

Em relação aos políticos, não é de hoje que os professores são atacados, rechaçados e humilhados na busca de seus direitos e da devida valorização. Não tão distante, tivemos casos de vereadores se referirem aos professores como “professorzinhos”, outros falando que os professores não trabalham (imagine o vácuo que passa na mente deste senhor), outros ainda falando que o professor deve trabalhar por amor. Os dados apontam que dentre as dez (10) profissões que menos são remuneradas, cinco (5) delas são professores.

A valorização deve acontecer sem que o professor precise se organizar para cobrar seus direitos, em passeatas, em mobilizações, ela deve acontecer porque sem a figura do professor, a sociedade já teria encontrado sua falência. O poder público tem por obrigação valorizar a docência, em especial, porque em poucos anos, não haverá mais profissional, dada a desvalorização do mercado e outros fatores como, violência, transtornos mentais e outros.

O poder público tem que entender que não são os professores que devem gratidão a ele exercer o que está na letra da lei, nem tampouco cercear o direito de fala quando o mesmo é cobrado. Se olharmos a história das políticas educacionais, poderemos constatar que a educação, nem tampouco os professores, foram relevantes para os agentes políticos, afinal, uma sociedade educada, reflete melhor em suas ações e isso assusta a politicagem barata que existe por ai. Claro que existem outros pontos a serem apontados, porém não há espaço para reflexão neste momento.

Quanto ao social, vivenciamos tempos sombrios na educação, seja pela falácia da escola sem partido que povoou o imaginário popular, seja pela ideia de que a educação sexual é um sinônimo de sexualização, também amplamente reproduzida sem a devida reflexão, estes e outros pontos foram pautas políticas que pouco se importaram e/ou se importam realmente com a educação, transformando os professores em monstros, propagando mentiras e afastando ainda mais a comunidade da escola. O mais interessante disso é que mesmo com uma estrutura voltada para denegrir a figura do professor, as pesquisas apontam que 87% das pessoas confiam na figura no professor, dai pergunto, imagine se de fato a política fosse usada para fazer a sociedade avançar e valorizasse os professores?

Por fim, aos professores, a mim, enquanto professor, não nos deixemos calar, nem de lutar pelos nossos direitos, nem de aceitar migalhas, nem tampouco enaltecer políticos por executar aquilo que lhes compete, afinal, todos devem ser cobrados, todos, indiscutivelmente, pois afinal, a estrutura democrática na qual vivemos é a da política representativa, quem se melindrar com isso, que deixe de ocupar cargos públicos. Outro detalhe que é necessário ressaltar é o da formação continuada, não esperemos que outro faça por nós, não vamos aguardar o poder público promover algo que é também competência nossa.

Façamos a educação crescer sendo de fato agentes políticos, não no sentido partidário, mas no de atores da sociedade, que auxiliam centenas, milhares de alunos ao longo da jornada docente a avançar nem que seja um passo no caminho da formação cidadã, nos estudos acadêmicos e na formação da sua personalidade. Reafirmem-se como professores, porque vocês merecem muito mais, sejam resilientes, já que tentarão cerceá-los da devida luta em prol de seus direitos e estejam convictos da importância, embora às vezes negada por muitos, do seu papel na vida de tantos e tantos alunos. Parabéns, professores!!