Dia dos Pais: encontro anual com a gratidão
Antes de ter filhos, o Dia dos Pais não tinha muito significado para mim. Mas, quando virei pai, percebi que eu era participante em um mundo cheio de benevolência e beleza.
Os momentos iniciais com o meu primeiro filho me trouxeram mais significado por minuto do que qualquer outra coisa que tinha vivido. Olhos grandes, bochechas macias e dedinhos tão pequenos que segurá-los era como segurar a brisa da manhã.
Me senti atropelado por um trem, também. Era um tipo de exaustão encantada: tanta gratidão, doçura e maravilha, mas vigor limitado para saboreá-las. O coração queria capturar cada detalhe e aproveitar todo momento. O corpo, uma noite de descanso seguida por uma massagem e um dia de molho numa banheira.
Meu diálogo interior era mais ou menos assim:
Coração: “Olha só! Sinta isso! Vamos lá!”
Corpo: “Ok, só me dá um minutinho.”
A coisa que mais marcou o primeiro dia de vida do Pietro foi o fato de que ele estava lá. Uma gestação de nove meses deveria ter me preparado, mas, para falar a verdade, ele me surpreendeu. Não estava pronto para a chegada de um novo ser.
Que esse menininho fosse meu filho parecia ser um detalhe meio enganoso, pois eu não podia tomar crédito por um ser humano perfeitamente formado e pelo seu sistema nervoso e suas células que se multiplicavam.
Foi uma percepção encantadora: a vida começa; pessoas que não existiam passam a existir; algo grande e generoso tinha acontecido; um mundo de futuras experiências, amores e memórias tinha nascido bem diante de meus olhos. Nada antes, algo depois. Duas pessoas, aí três. Um berço vazio, então, um menininho respirando ali dentro.
Preparar-me emocionalmente para ser pai foi uma das transições mais difíceis da minha vida. Mas datas como o Dia dos Pais me trazem à mente aquelas primeiras sensações maravilhadas. É um lembrete anual de cultivar a gratidão em uma sociedade distraída e apressada.
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