Desinteligência: vácuo entre as orelhas

Nos últimos dias, a palavra desinteligência ganhou destaque nas reportagens, justamente por apontar o obvio da palavra, principalmente, por uma ação que atenta à liberdade e a justiça. Entretanto, não restam dúvidas que nos últimos 6 a 8 anos, há um visível retrocesso na forma de se levar informação (pautada em ciência, em estudos sérios) à população.

Houve nítido ataque aos professores, tidos como doutrinadores, incluindo por outros professores que, alienados, deixaram de estudar e se baseiam em mídias sociais para instruírem-se.

O Whatsapp passou a ser o meio mais fácil de conseguir informações, notícias tidas como verdades absolutas que permeiam as bolhas mais conservadoras e que menos querem buscar instrução ou checar a verdade dos fatos. Convenhamos, a desinteligência acabou por expandir-se, tal qual um vírus, que contamina e adoece, tendo como principal sintoma, levar a desinformação a outros de seu convívio.

A cegueira moral é uma chaga que vem sendo aberta constantemente, com inúmeros ataques, seja a quem defende uma educação sexual como forma de prevenção a abusos, seja contra uma educação antirracista, LGBTQIA+, contra o combate ao Feminicícios, entre outros tantos ataques constantes. Tanto que se observarem a tragédia do Sul, a câmara dos deputados não votou sequer uma pauta para prevenção, muito pelo contrário, estão ainda dizimando o pouco que ainda existe de leis de prevenção e do meio ambiente.

Mas obviamente, a desinteligência do séquito que está na ala pseudoconservadora não falará isso, claro que não, atacarão com frases do tipo: Não existe aquecimento global, temos que tirar as árvores para que não haja mais deslizamento (acreditem, foi um vereador quem falou), entre tantas outras. Essas frases são bem próximas aos daqueles que tem ataques racistas e falam: “Quem me conhece sabe quem sou, tenho ate um amigo preto”. A frase é praticamente igual para homofóbicos, misóginos e preconceituosos de toda a estirpe, mudando o objeto de ataque. Ou ainda, para deixar tudo com um tom mais sacrossanto, usam Deus, como foi o caso da influenciadora que correlacionou a quantidade de terreiros de religiões de matizes africanas com o desastre, ou ainda a outra que falou que pelo fato do governador Eduardo Leite ser gay, a culpa do desastre era dele.

Nesse sentido, aproxima-se mais um pleito, muitos que apontam a necessidade de se extinguir o estado, o fazem na perspectiva de removê-lo de você, parando concursos, exonerando servidores, retirando cargos, mas isso só para VOCE, isso mesmo, você quem apoia, que ainda propaga mentiras desenfreadas, você que é usado para fomentar o ódio nas redes, porque pra ele, o estado é gordo, cheio de possibilidades e verbas.

O mesmo vale para servidores que buscam vagas eletivas, falta consciência de classe, falta vergonha na cara em querer ferrar com o outro para justificar um ponto de vista, que já é falho em sua concepção. É preciso que a população saia dessa hipnose e realmente entenda que a maioria é pobre e precisam desenvolver essa consciência para pautar melhores condições, sem isso, ainda vamos eleger pessoas que preferem negar a vida por algumas cifras no bolso.

Encerro com um trecho da música O Sol e a Peneira – do Teatro Mágico: “O preconceito eleito, A culpa e moral, A violência descabida, orientação sexual, Falta de respeito no púlpito, no pleito, Homofobia, quem diria amplificada pela má-fé, Homem, mulher somos todos bichos, Nichos de mercado datados, Dotados de amor e querência, Por isso não esqueça, Onde sobra intolerância, falta inteligência”.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva