Desenvolvimento do comércio catanduvense (II)

Em 1940, Catanduva possuía um total de 40.769 habitantes e continuava a crescer a todo o vapor, tanto a indústria quanto o comércio.

No setor industrial, tínhamos a Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo como maior representante, possuindo também algumas máquinas de beneficiamento de produtos agrícolas, como o algodão, o arroz e o café.

Nesse mesmo ano, a ACIC passou a funcionar em prédio próprio, na parte térrea, conforme planta apresentada pelo Dr. Antonio Zaccaro, tendo como presidente o Sr. Gentil de Ângelo.

Como parte deste grande projeto de desenvolvimento local, Catanduva ainda contava com a presença de cinco bancos, que davam suporte para todas essas atividades, bem como 372 estabelecimentos comerciais e 900 propriedades rurais que aqui existiam. Desses 372 estabelecimentos, 320 eram associados na ACIC em 1941.

A partir de 1941 e até o ano de 1947, a ACIC, tendo como presidente o Sr. Antonio Stocco, através de grande campanha comunitária, conseguiu alcançar alguns empréstimos para a finalização do prédio da ACIC que ainda estava em construção.

Os anos de 1940 foram se tornando difíceis por consequência da Segunda Guerra Mundial, fato que trouxe grandes preocupações no mundo todo.

Em Catanduva não foi diferente. Comerciantes, industriais, produtores rurais e a população em geral sentiram o efeito da guerra, principalmente por causa do racionamento de produtos.

Porém, mesmo em meio a todos esses problemas que a guerra estava provocando, a cidade conseguiu passar por cima de todos os obstáculos e dar a volta por cima.

Fato importantíssimo veio a acontecer em 1941: em visita a Catanduva, o Embaixador José Carlos de Macedo Soares foi solicitado por membros da ACIC e do Rotary Clube para que este ajudasse na instalação de uma biblioteca pública em Catanduva.

A resposta foi imediata: atendo ao pedido, doou grande quantidade de livros, os quais representavam o início de nossa biblioteca municipal, funcionando por diversos anos em uma das salas da ACIC. Como forma de homenagem, a biblioteca até hoje leva o nome de seu grande colaborador.

E não foi apenas a biblioteca que funcionou no prédio da ACIC, mas sim vários outros estabelecimentos utilizaram o espaço durante algum tempo, como a Casa da Lavoura, o Aeroclube, a Câmara Municipal, o IBGE, entre outros.

Em 1945, a associação já contava com 385 sócios, onde nosso comércio passava por uma situação crítica por causa condição péssima que se encontrava a lavoura cafeeira. Diante disso, várias reuniões e congressos foram realizadas em nossa cidade, participando representantes de várias cidades e de outros Estados como o intuito de se colaborarem mutuamente.

No ano de 1947, ocorreram as primeiras reuniões para efetivar, em nossa comunidade, os cursos profissionalizantes da Universidade do Ar, órgão ligado ao Senac, embrião do que futuramente viria se transformar no Centro Social do SESC em nossa cidade.

A década de 1950

Nos anos 50, um fato novo acontece em Catanduva: pela primeira vez, a população urbana (23.433) ultrapassa a população rural (20.998), indicando um grande êxito rural. Os estabelecimentos comerciais, nessa época, chegaram ao número de 571 e o número de indústrias a 145.

Em 1951, temos a inauguração do SESC local, que funcionava de início na rua Minas Gerais.

Durante todos os anos de 1950, várias com quistas foram alcançadas para a melhoria de vida em nossa cidade, tendo a ACIC, na maioria dos casos, participado direta ou indiretamente.

Em 1951, o prefeito Dr. Ítalo Záccaro pediu junto à Telefonia Nacional e serviço automático de telefones para Catanduva. Em 1952, começa-se a discutir a idéia da primeira Exposição Industrial de Catanduva, que foi realizada em abril de 1953, por consequência da comemoração do aniversário de Catanduva. Ainda destaque nessa época, para as campanhas em prol do café e do algodão.

No mesmo ano, deu-se a luta para que Catanduva fosse servida dos serviços de telégrafo nacional e de uma agência do IAPTEC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas.

Dois anos mais tarde, ou seja, em 1955, tem-se um dos maiores movimentos comerciais de Catanduva: a Campanha dos Cafés Finos, grande iniciativa do Rotary Clube, que conseguiu apoio de todo o Brasil. O jornalista Assis Chateaubriand esteve aqui na Praça da República, onde plantou muda de pé de café, marcando o início da campanha, colocando Catanduva num cenário nacional.

A fase dos cafés finos foi muito importante, pois resultou num produto de aceitação nacional mais propício à exportação.

Em 1958, também foi encaminhado ao prefeito municipal o pedido para que este viabilizasse em Catanduva, o serviço de ônibus circular municipal. (Continua semana que vem).

 

Foto: Prédio ainda em construção da ACIC no ano de 1939, mesmo ano em que se iniciava a Segunda Guerra Mundial

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.