Desengajamento Moral

O meio político da cidade atualmente tem sido palco para diversas situações no mínimo problemáticas. O assunto agora é o aumento absurdo das cadeiras da vereança e o exponencial aumento dos salários, tanto dos vereadores em si, mas também para Prefeito, Vice e secretários.

Mas quem acha que isso é novidade, esqueceu-se que na época da reestruturação também foi enviado um projeto para aprovação de urgência, sem ampla discussão com os interessados e, mais recente, o projeto sobre o IPMC, esse, ainda bem, foi colocado em discussão devido à repercussão negativa do mesmo. Dessa forma, não existe ninguém incauto neste meio político, direita e esquerda são parte desse processo de descrédito e descrença nos atores políticos eleitos por nós.

Devo acrescentar que estes que foram eleitos levam consigo o voto de confiança para atuar em prol da população, consequentemente, quando legislam em causa própria, promovem um fenômeno que Bandura já na década de 70 descrevia como desengajamento moral, ou seja, quando os envolvidos procuram saciar suas vontades, numa proposta hedonista em detrimento dos interesses coletivos. Desta maneira, ocorre que as demais pessoas também observam com incredulidade algumas ações e então, começam a criar justificativas para ações antissociais de forma deliberada e validada pelos agentes políticos eleitos, como uma justificativa ao injustificável.

Não obstante, observamos isso também nas esferas federais, em que os próprios agentes políticos promovem “rinhas” em suas falas, deliberadamente ofendendo uns aos outros, com a justificativa de absurda da imunidade diplomática e como efeito cascata, temos agora diversos casos de “justiceiros” que se valem da mesma premissa para validar ações de violência contra os demais.

Com isso, também surgem os paladinos da moralidade, usando a janela do oportunismo para mais uma vez, fomentar o desengajamento moral, já que vão tentar colocar em pauta suas ideias para depois buscarem o seu lugar ao sol, seja como um futuro eleito, seja como um “influencer”, enfim, mais uma vez, interesses particulares em detrimento do coletivo, da sociedade.

Fato é os agentes políticos deveriam levar em conta que estão lá pelo voto daqueles que acreditaram na conduta de seus representantes e estes, deveriam realmente valorizar cada eleitor, pois, cargos eletivos são passageiros e temos urgência em acabar com essa sensação de política como emprego vitalício, como é popular neste Brasil de meu Deus.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva