Descrença na política

O alarmante aumento no número de títulos eleitorais cancelados, como evidenciado pelos mais de 3.600 casos em Catanduva – recorde histórico desde 2009 – lança uma sombra preocupante sobre a saúde da nossa democracia. Este fenômeno, longe de ser um mero detalhe estatístico, pode refletir uma crescente e perigosa desconexão entre a população e o sistema político. A descrença na política, alimentada por escândalos de corrupção, promessas não cumpridas e uma sensação generalizada de que os eleitos não representam os interesses do povo, pode estar levando muitos cidadãos a se afastarem do processo eleitoral. O cancelamento do título eleitoral, embora possa ter outras causas, como a não regularização de pendências, pode ser interpretado como um sintoma de apatia e desilusão com a capacidade da política de promover mudanças significativas. É crucial questionar se as instituições políticas estão conseguindo inspirar confiança e engajamento. A falta de transparência, a polarização exacerbada e a dificuldade em promover um debate público construtivo podem estar contribuindo para o aumento do ceticismo em relação à política. A Justiça Eleitoral e os partidos políticos precisam agir para evitar o aumento no número de títulos cancelados e implementar medidas para reverter essa tendência, atraindo sobretudo os jovens para as urnas. É fundamental fortalecer a educação cívica, promover a participação popular e garantir que o processo eleitoral seja transparente e acessível a todos os cidadãos. O alto índice de títulos eleitorais cancelados é um sinal de alerta que não pode ser ignorado. É preciso um esforço conjunto da sociedade para resgatar a confiança na política e garantir que a democracia continue sendo um instrumento de transformação social e progresso. A apatia e o desinteresse não são soluções, mas sim um convite para que aqueles que detêm o poder continuem a perpetuar um sistema que não atende às necessidades da população e que favorece justamente quem busca por benefícios próprios.
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