Defesa da vacina

Quando uma narrativa é massificada, mesmo que vá contra os fatos, caminha para se tornar uma "versão alternativa" da história. Talvez isso sempre tenha acontecido ao longo da existência humana, mas as redes sociais agravaram muito o problema. Não é mais “quem conta um conto, aumenta um ponto”, como diziam os mais antigos, mas sim uma jornada de massificar uma lenda qualquer nas redes até que, viralizando tal história, ninguém saiba mais ao certo qual a verdade dos fatos. Isso, de certa forma, aconteceu com a vacina. O movimento contrário à imunização surgido em meio à pandemia do coronavírus atuou tão fortemente que seus reflexos persistem até hoje. Em muitos casos, não se trata de ser contra todas as vacinas, mas de ter um pé atrás com relação à vacina contra a Covid-19. Entretanto, de forma geral, tem quem tenha transferido o receio àquela vacina para as demais, inclusive as que sempre tiveram altos índices de cobertura vacinal. Não à toa os indicadores despencaram durante o ápice do movimento antivacina e custam a subir. Muitos deles, felizmente, tem crescido. Mas o que se vê na vacinação da dengue é o exemplo claro de que nem tudo vai bem como deveria ou que os pais não estão preocupados de verdade com essa doença a ponto de levarem seus filhos, crianças e adolescentes, para serem imunizados. Se pensarmos bem, quando o assunto é doença, não existe escolha, não é? Essa doença eu posso pegar, já aquela eu não posso. Ninguém quer ficar doente, muito menos que seu filho fique. Então se existe vacina, por que não aproveitar e proteger quem você tanto ama? É preciso confiar nos órgãos que aprovaram a imunização em massa e aproveitar que a vacina está disponível, de graça, pelo SUS. O resto é lenda. É preciso superar tal discurso que afastou as famílias dos postos de vacinação e colocou tantas pessoas em risco. O caminho para que a vacina contra a Covid-19 se estabeleça talvez seja mais árduo. Mas precisamos percorrê-lo.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.