Decida escolher, escolha decidir!

Um dos estados de espírito mais angustiosos é o da indecisão. Como é torturante não decidir, não optar por este ou por aquele caminho, por esta ou por aquela possibilidade. Como é difícil não enfrentar tanto o fácil quanto o difícil simplesmente permanecendo parado, estagnado, facilmente prostrado diante de si e de suas questões não enfrentadas ou mal resolvidas.

Não escolher é não viver. O ser humano foi feito para a ação, para a resolução. A omissão existencial, que consiste em deixar-se levar (cantarolando “vida, leva eu!” e dançando “conforme a música”), é uma opção pela não opção e, como tal, desconecta o homem do seu dínamo, da sua alma sedenta por sentido, por trabalho, por realizações que lhe construam significado. É morte espiritual e zumbificação cognitiva. Sem significado, somos gradualmente soterrados pelos entulhos da tristeza.

Um dos pecados capitais mais esquecidos, a acídia (erroneamente traduzida como preguiça), talvez tenha muito a ver com este fenômeno moderno da apatia total. Multidões de idosos, adultos, jovens, adolescentes e até crianças sucumbindo ao tédio como estilo de vida. Ser blasé é a regra. Estar desmotivado, inermemente vacuoso de todo e qualquer senso de ser, é a norma psíquica das últimas duas gerações, pelo menos. Aristóteles ensina que “A natureza nunca faz nada sem motivo”; no entanto, ultimamente quase tudo é feito sem motivo.

E sabe o que mais nos retira motivos? A indecisão. Para termos motivos a nos guiar, o fundamental dos atos é decidir. Eu devo decidir, você deve decidir, ele deve decidir, nós devemos decidir e... segue a conjugação decisional de todos os indivíduos. O homem desmotivado é, antes de tudo, um homem indeciso. E, como anteriormente abordado, a indecisão é a decisão pelo nada. Fica a lição de Benjamin Franklin: “A pior decisão é a indecisão.”

Não escolher é deixar-se ser escolhido pelo acaso e ou pelos mandos e desmandos de terceiros. Não escolher é abdicar da competência e dignidade de ser humano para nivelar-se à categoria dos animais adestrados pelo chicote de seus mestres. Não escolher é fazer-se escravo de multidões difusas articuladas por ventríloquos midiáticos, políticos, econômicos, ideológicos. Não escolher é ceder o próprio eu ao leviatã de Babel...

Tome coragem. Olhe soberanamente para cada um dos seus casos até agora irresolúveis. Liste seus calcanhares de Áquiles (seus tormentos emocionais, suas desventuras racionais, seus desequilíbrios corporais) e decida lutar ou não contra cada um deles. Decidir fazer algo, ainda que este algo implique em apenas abdicar de determinado conflito, é suficiente para apaziguar a angústia psicossomática da indecisão. Decida!

Autor

Dayher Giménez
Advogado e Professor