De um para todos

“A arte é um dos meios que une os homens.”

Leon Tolstói

Escritor russo (1828-1910)

Em tempos de uma polarização que dá ares de ser infindável, pois parece ser eterna a ignorância dos que a sustentam, permanece intacta a capacidade que a Arte tem de nos arrebatar de um lugar comum para uma vivência muito mais ampla.

A conduta agressiva que sustenta tal comportamento, ferindo cruelmente a sociedade que quer crescer e se libertar, impede que muitos consigam enxergar além do muro alto da grosseria e da tosca interpretação de vida daqueles que são frutos do extremismo.

Todo e qualquer radicalismo prejudica profundamente o crescimento pessoal, pois que limita um olhar mais amplo, consequentemente, ocasiona um desmoronamento social. Uma ferida que cresce e atinge o todo.

É preciso sair de si mesmo, de seu mundo restrito, e ampliar os sentidos e relacionamentos mais abrangentes com o universo infinito que nos cerca.

Simone de Beauvoir, intelectual, filósofa e ativista política francesa, lembrou “é na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”, porque a Arte nos inspira e fomenta sair de caixinha, enxergar novas possibilidades, vencer nossas limitações, superando fobias, a nossa limitada concepção existencial para aprender a trocar e crescer socialmente.

A Arte nos resgata de um abismo solitário e nos projeta para uma festa humana, convivendo com todos, com as diferenças e com elas aprendendo a viver em harmonia.

Por isso Tolstoi foi tão cirúrgico ao lembrar a possibilidade que a Arte nos faculta de nos unirmos e construirmos algo novo. Ainda: reconstruirmos uma nação dos destroços inegáveis desses últimos anos de perversa destruição cultural no Brasil.

A Arte é necessária ao ser humano, pessoalmente. Seus múltiplos benefícios para o indivíduo se ampliam à sociedade, porque é da nossa natureza viver em grupo.

Esses pensamentos, de personagens que influenciaram cada um de nós – de uma forma ou de outra –, são importantes para nosso crescimento e torna-los acessíveis às novas gerações é uma obrigação. Nossas crianças e jovens precisam abrir os olhos para todas as possibilidades, numa interpretação sem preconceitos e sem limites do mundo, para entenderem o quanto é extraordinário trocar com o próximo. Assim, todos crescem, todos se iluminam e as cores da alma resplandecem para toda a humanidade.

Não é formar artistas. É inspirar o ser humano para tudo o que ele sonha realizar em sua vida.

Cultivar a Arte na infância e juventude é fomentar o ideal de um mundo novo, bem como instigar os adultos a redescobrirem sentimentos e sensações que, por diversas razões, ficaram adormecidas no mais profundo íntimo.

A Arte nos resgata de nós mesmos e nos projeta. E é inevitável seu avanço.

Quem não admitir sua marcha, ou tentar impedi-la, permanecerá à margem da vida.

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.