De pequeno agricultor a presidente dos EUA

No dia 17 de setembro de 2008, este artigo foi publicado no extinto jornal “Noticia da Manhã”. Era também uma época de eleições municipais e, passados 16 anos, a mensagem inserta no artigo revela-se mais atual do que nunca. Eis a integra do artigo que deveria ser lido por todos os postulantes a cargo público de nossa cidade, principalmente a prefeito. – Nessa época de eleição em que todos os candidatos, com raras exceções, usam do compulsório espaço na mídia para fazer promessas, algumas bizarras outras hilárias, sugiro ao leitor eleitor (a quase redundância é proposital) substituir o horário político pelo filme TRUMAN de 1995, que pode ser retirado na Megamil Vídeo (N.R. era o tempo das locadoras de filmes. A película pode ser vista na plataforma AdoroCinema). O filme narra a história da ascensão de Harry Salomon Truman (o Salomon foi substituído pelo S., em sua biografia), um simples agricultor frustrado que se tornou pequeno empresário mal sucedido em Kansas City, Missouri e, apadrinhado por um usurário (não confudir com usuário) é eleito juíz (sem ser advogado) e administrador da sua pequena cidade, daí elegendo-se senador do então  também pequeno e desconhecido estado de Missouri, chegando a ser  vice-presidente de Franklin D. Roosevelt. Com a morte deste, veio a sucedê-lo para ser  o 33º presidente dos EUA, governando de 1945 a 1953 (com uma reeleição) e estigmatizado pela história por ter autorizado, em agosto de 1945, o bombardeio com armas de destruição em massa (bombas atômicas) sobre Hiroshima e Nagasaki matando quase 200 mil civis. Assistir ao filme é ser contemplado com uma verdadeira lição de honestidade e cidadania desse notável e exemplar político americano que, malgrado o estigma das bombas atômicas, deveria passar para a história como um cidadão comum que chegou à presidência do país mais importante do mundo, sem renunciar aos valores próprios de um cidadão simples do interior. Ao deixar a presidência em 1953, Truman e a sua esposa despediram-se da Casa Branca carregando quatro ou cinco malas, num táxi preto, rumo à estação ferroviária para retornarem à cidade natal com a aposentadoria dele de ex combatente de guerra de apenas US$ 12,00 por mês e, sem direito a qualquer mordomia (N.R. essa final é marcante). Para quem curte história real ambientada num cenário impecável dos anos 40/50 e com magnificas intrerpretações, o filme é nota dez. Aos nossos candidatos, principalmente àqueles que almejam a eleição como meio de vida, o filme é manifestamente indicado para, quem sabe, deixarem de ser  ególatras, lumpesinatos e absenteístas. Ah, e deveriam, também, descobrir no dicionário o significado desses três vocábulos e acrescentar a eles que o requisito número 1 (um) para ser político, é ser honesto como foi Harry S. Truman. O resto é conseqüência e cabe à história fazer o registro. (N.R. A eleição de 2008, foi vencida pelo engº Afonso Macchione Neto (PSDB) que derrotou o então candidato Geraldo Vinholi (PDT), com 51,14% dos votos válidos, correspondente de 32.175 votos).

Autor

José Carlos Buch
É advogado e articulista de O Regional.