Das violências - pacto civilizatório

Semana passada, escrevi um pequeno texto falando sobre a violência e como ela tem tomado de assalto os holofotes, seja na grande mídia, seja nas redes sociais. Eis que durante essa mesma semana, tivemos uma contenda entre duas pessoas, ambos direta e indiretamente ligados à políticos de Catanduva.

Diante dessa situação e outras que temos notícias, reflito sobre os pactos civilizatórios, ou seja, aqueles acordos sociais que nos permitem conviver em sociedade, mesmo havendo uma gama de diferentes formas de viver, perceber, agir e atuar social. Talvez a pandemia não tenha apenas ceifado vidas, talvez tenha levado consigo a capacidade de evitarmos conflitos ou de tentarmos resolvê-los através do diálogo.

Georg Lind, ao replicar as falas de Lawrence Kohlberg, afirma que se não atingirmos os maiores níveis morais (segundo a teoria kolberguiana, seria o nível pós-convencional, estágios 5 e/ou 6), Lind também afirma que uma pessoa com altos níveis de competência moral, jamais utilizaria de formas violentas para impor sua vontade, nem tampouco para resolver situações em que há evidente conflito.

Nesse sentido, podemos também tentar traçar um paralelo entre a competência moral e os pactos civilizatórios. A competência moral, bem resumidamente, é a capacidade do sujeito resolver conflitos através do diálogo, sem uso de violência e outras artimanhas. “De acordo com o ideal moral da democracia, a convivência humana deve ser regulada por deliberação, consulta mútua e discussão com base em princípios morais comuns, como cooperação, justiça, liberdade, verdade e direitos humanos básicos” (Lind, 2018, p.17).

Os pactos civilizatórios, são regramentos mutuamente acordados entre as pessoas, que, ao serem rompidos, são tomados como transgressões graves. Tal proposta me lembra o que Piaget define como moral, para ele, toda moral reside nas regras e no respeito que o sujeito tem por elas, de formas deliberada e intencional, sem imposição de força.

Nesse ponto, retomamos o começo, principalmente depois de anos de uma política que deliberadamente estimulava a população a romper com tais pactos, aparentemente, isso ficou no subconsciente de algumas pessoas, e que, nas situações em que deveria haver um certo controle inibitório, voltam-se ao embate físico.

Creio que devamos buscar mais esses altos níveis de moralidade, de forma que sejamos exemplos bons para aqueles que nos olham com admiração, sem isso, a sociedade está fadada a resolver seus problemas em coliseus e rinhas humanas.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva