Dario Bolinelli e sua participação na SGM

No que diz respeito à participação de catanduvenses na Segunda Guerra Mundial, tivemos o envio de alguns nomes que saíram da cidade para lutar em terras italianas, como Dario Bolinelli, Carlos Ernesto Ramalho, Antonio Carlos Nascimento, João Delgado Filho, José Arruda Ferraz, Roberto Bugelli, Pedro Honório Santim, Carlos de Freitas, entre outros.

Dario Bolinelli

E por falar nesses nomes, hoje relato um pouco sobre um desses catanduvenses que integraram o grupo de combate da Segunda Guerra Mundial, Dario Bolinelli.

Dario Bolinelli nasceu no dia 15 de janeiro de 1915 na cidade de Ribeirão Bonito – SP, vindo para o município de Catanduva, juntamente com seus familiares, no ano de 1920, com a idade de 5 anos.

Filho de Adolpho Bolinelli e Josephina Bedini Bolinelli, passaram a residir, inicialmente, na rua Aracaju, e mais tarde, por consequência do recebimento de uma herança, comparam uma casa na rua Brasil, na altura do número 1465.

Em um acidente de trabalho, Dario veio a perder seu pai. Este, trabalhando como carroceiro, fazia ponto na Estação Ferroviária, sustentando sua família com os serviços prestados. Porém, em um de seus carretos, o animal assustou-se e ele acabou caindo e sofrendo fratura da coluna vertebral, vitimando-o fatalmente.

Mesmo com a situação complicada, Dona Pina, como era conhecida a mãe de Dario, arregaçou as mangas, e fazendo serviços de costura, ia mantendo os filhos pequenos.

Como a situação não era fácil, logo os meninos precisaram a trabalhar para poderem ajudar em casa. Dario começou a aprender o ofício de relojoeiro com o Sr. Vicente Lanzieri, na loja A Pérola Oriental, que, com seus esforços e dedicação, conseguiu, posteriormente, montar uma oficina de consertos de relógios, denominada Oficina Brasil, que se localizava na rua Brasil esquina com rua Aracaju, por volta do ano de 1936.

Dario foi muito ativo dentro da Congregação Mariana local, desenvolvendo muitos trabalhos em tal instituição. Era amigo de padre Albino, visitando junto com ele vários sítios, fazendas e vilas em busca de prendas para suas quermesses e mantimentos para aqueles que ajudavam.

Exército

De acordo com o professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, em seu boletim, ele nos relata que “(...) convocado para servir o Exército, tendo em vista que na época própria, por dificuldades familiares deixou de atender ao alistamento, ficou na ativa por um espaço de seis meses. Dispensado, voltou para casa, porém, daí a seis meses foi novamente convocado, já com vistas a uma possível participação na Segunda Guerra Mundial que já se desenrolava na Europa. Foi para Taubaté onde serviu no CC3 do 11º Regimento de Infantaria, que realmente se incorporou à Força Expedicionária Brasileira – FEB, partindo no 2º Contingente em direção a área conflagrada na Itália. Naquele país, participou de várias ações militares sendo que, como falava e entendia o idioma italiano, ajudou muito como intérprete, nas cidades e no trato dos prisioneiros”.

Durante sua participação na Guerra, a família, mais precisamente sua mãe Dona Pina, o irmão Antenor e sua irmã Anna, recebeu todo o apoio necessário do Sr. Sílvio Salles, então prefeito municipal e das senhoras D. Izaura Motta Salles, então presidente da Legião Brasileira de Assistência e Dona Sinharinha Netto, também diretora dessa legião, além do auxílio de várias outras pessoas desta cidade feitiço.

Em 1945, Dario enviou um telegrama ao prefeito municipal Sílvio Salles, que foi publicado pelo jornal A Cidade, de 07 de julho de 1945, que dizia o seguinte: “(...) Quanto a mim, graças a Deus nada me aconteceu. Estive no froint desde o dia 28 de novembro de 1944 até o fim da guerra – 02 de maio último. Estou na Companhia do Comando do 3º Batalhão de R.I.E. Espero que dentro em breve partiremos de regresso ao nosso querido e belo Brasil, depois de uma ausência de quase um ano (...)”.

Dario ficou como pracinha até ser dispensado em 1945, chegando em Catanduva no dia 21 de outubro de 1945, sendo recebido com grande alegria pela população em geral, na Estação local. Lá também estavam o prefeito Sílvio Salles, vereadores, autoridades, familiares, pessoal da LBA, congregados marianos, pracinhas, entre outros.

Relojoaria

Em novembro de 1945, o Catanduva – Jornal notificava a notícia de que Dario reabriu a Oficina Brasil, destinada a consertos de relógios, despertadores, vitrolas, retornando sua atividade como relojoeiro.

Dois anos mais tarde, juntamente com o irmão Antenor, após receber uma gratificação do Exército pela sua participação na Guerra, fundaram a Relojoaria Brasil, no mesmo endereço. Por volta de 1951, mudaram-se para a Praça 09 de Julho, num salão bem apertado, mas que atendia uma grande freguesia. Vale destacar que quando o relógio da Igreja Matriz enguiçava, lá ia o Dario arrumá-lo, a pedido de padre Albino, ou do sacristão Alípio.

Por volta de 1953/1954 mudaram-se para a mesma praça, agora no número 136, em prédio próprio, onde se instalou a residência da família e a relojoaria, num espaço muito mais amplo.

Vizinho da Alfaiataria Gregorim, de propriedade dos irmãos Antonio e Rubens Gregorim, essas duas lojas, durante anos, foram ponto de encontro de amigos, profissionais de várias áreas, inclusive de alguns políticos, que ali discutiam os problemas da cidade.

Dario durante a sua vida recebeu inúmeras homenagens pela sua participação durante a guerra, além de várias medalhas por tal feito.

Porém, no dia 31 de outubro de 1983, Dario veio a falecer. Por consequência de insuficiência cardíaca, atestado pelo Dr. Valentim Bento Moreto, o corpo foi velado no Velório Municipal, e após a missa de corpo presente na Capela D. Lafayette, o caixão foi coberto com uma bandeira nacional, sendo sepultado no jazigo da família no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, sendo decretado pelo prefeito da época, luto oficial de três dias.

Fonte de Pesquisa:

- Boletim Só 10, de janeiro de 2008, de autoria de Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.

Fotos:

Foto Histórica: Na Estação local, desembarcaram de regresso do campo de guerra os pracinhas catanduvenses: Dario Bolinelli, João Delgado Pinto, José de Arruda Ferraz e Capitão Nascimento. Grande massa popular esteve presente no desembarque

Ivo Gaúna também foi um dos catanduvenses que integraram o pelotão na Segunda Guerra Mundial. Era funcionário da agência dos Correios local

Dario Bolinelli faleceu no dia 31 de outubro de 1983, por consequência de insuficiência cardíaca

02 de setembro de 1945 – rendição incondicional do Japão, assinada pelo ministro Mamoru Shigemitsu, a bordo do encouraçado americano Missouri

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.