Cultura do parcelamento
Pesquisa encomendada pela Serasa ao Opinion Box, no ano passado, mostrou que 23% das pessoas optam por adiar pagamentos por costume, mesmo quando não há necessidade. O levantamento “Controle Financeiro no Brasil” buscou avaliar comportamentos da população na hora de pagar as contas e fazer dívidas e verificar como o consumidor se prepara (ou não) para arcar com seus gastos. O resultado explica, em parte, a alta inadimplência do país. Segundo a pesquisa, 73% dos entrevistados adotam o parcelamento como método preferencial e nove em cada dez consumidores lançam mão do cartão de crédito para isso. Para os especialistas, essa cultura do parcelamento é a tentativa de aumentar o poder de compra, ainda que seja ilusão e eleve os riscos de que as dívidas acumuladas virem a famosa “bola de neve”. Nas respostas, 47% dos entrevistados contaram que definem o número de prestações de acordo com o orçamento, enquanto 41% se mostraram mais preocupados com os juros embutidos. As principais justificativas para as compras a prazo foram o parcelamento não ter juros (41%); não gastar muito dinheiro de uma só vez (32%); acreditar que é melhor diluir o valor no tempo (30%); ter a sensação de que pode comprar mais (30%); parcelar gastos não planejados (27%); e não dispor da quantia para o pagamento à vista (26%). Ao mesmo tempo, há parcelamentos que se mostram providenciais para auxiliar a população que, em geral, tem a renda tão limitada. São os casos do Refis do poder público e das campanhas de renegociação feitas até por empresas privadas, como a recém-adotada pela concessionária Energisa, apenas para citar um exemplo. Seja por um motivo ou outro, o que está mais do que provado é que, , em qualquer faixa de renda, quanto mais organizado financeiramente, menos o consumidor frequenta as planilhas de inadimplência.
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