Crianças superprotegidas

Com a chegada do Dia das Crianças, em 12 de outubro, é um momento oportuno para refletirmos sobre o papel dos pais na criação e desenvolvimento dos pequenos. Entre os vários desafios da parentalidade, a superproteção parental é uma prática comum, frequentemente motivada pelo desejo de evitar que as crianças enfrentem dificuldades. No entanto, essa abordagem pode ter consequências negativas significativas para o desenvolvimento infantil. Muitos pais procuram psicoterapia para seus filhos na expectativa de uma solução rápida para problemas que, em muitos casos, têm origem na própria dinâmica familiar.

No cerne da saúde mental, flexibilidade e autonomia são fundamentais. Quando uma criança é criada em um ambiente superprotetor, ela é impedida de desenvolver essas qualidades essenciais. A superproteção impede o desenvolvimento do senso de competência e independência. Ao fazer tudo pela criança, desde escolher suas roupas até completar seus deveres escolares, os pais podem criar uma percepção de dependência e incompetência que pode persistir até a vida adulta, resultando em transtornos de personalidade, ansiedade e depressão.

Uma pesquisa conduzida por Nicole Perry, da Universidade de Minnesota, acompanhou 422 crianças dos 2 aos 10 anos. O estudo revelou que crianças excessivamente controladas pelos pais apresentavam dificuldades na regulação emocional e nas relações interpessoais. Em contraste, aquelas cujos pais incentivavam maior independência demonstravam melhor regulação emocional e relacionamentos afetivos mais saudáveis.

Embora bem-intencionada, a superproteção pode ter efeitos adversos profundos no desenvolvimento infantil, criando adultos que lutam com a dependência e a falta de competência. É essencial que pais e cuidadores promovam a autonomia desde cedo, permitindo que as crianças desenvolvam a confiança e a capacidade de tomar decisões por si mesmas.

Autor

Ivete Marques de Oliveira
Psicóloga clínica, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp