Crianças: estudem a Amazônia

 

Se a humanidade tiver futuro, depois da insensatez da minha geração, que aceita a destruição do único habitat disponível, o julgamento em relação aos rústicos atuais será muito severo. Inteiramente compreensível. Como extirpar o futuro, de forma insana e inclemente? 

A derradeira esperança está nas crianças e nos jovens, mais sensíveis e capazes de enxergar o crime de lesa humanidade que está sendo flagrantemente perpetrado neste Brasil que já foi abençoado. 

Há um resíduo de lucidez nesta nação. Apequenado e aparentemente impotente diante do descalabro do governo e do parlamento. Mas a rede Uma Concertação pela Amazônia, em conjunto com os Institutos Reúna e Iungo, criou o programa “Itinerários Amazônicos”.  

O projeto propõe que estudantes aprofundem a aprendizagem sobre a região Amazônica, não com o “decoreba” dos afluentes, mas conhecendo seus povos, suas histórias, o que fazem, como vivem, qual o futuro dessa última grande floresta tropical, covardemente destinada a se converter num deserto.  

A educação brasileira desistiu de formar uma cidadania crítica e atuante, para fazer o educando memorizar informações que ele consegue com um “clique” num mobile, de imediato, mais atualizada, colorida e musical, muito mais interessante do que algumas aulas prelecionais ultrapassadas.  

Se os jovens brasileiros conhecerem melhor a Amazônia, se indignarão com o que se faz ali, anistiando grileiros, ocupantes clandestinos violentos de terras públicas, fechando os olhos para a criminalidade organizada que mata indígenas e ambientalistas e explora minerais preciosos.  

Boa notícia para este Brasil tão necessitado delas. Os moços serão convidados e estimulados a fazer pesquisa, construir intervenções socioculturais no contexto da Amazônia. Tudo muito mais dinâmico, vivo e sedutor do que a mera leitura de livros ou a oitiva de palestras.  

É disso que o povo precisa: motivo para se orgulhar de sua terra. E defendê-la contra falsos profetas, que se valem dos cargos para finalidades inteiramente divorciadas do bem comum.  

 

José Renato Nalini 

Reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e presidente da Academia Paulista de Letras

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Artigos de colaboradores e leitores de O Regional.