Creed III continua a herança de Rocky, o Lutador

Tem filmes que, passados muitos anos, décadas até, continuam gerando novas sequências. Esse é o caso de Creed III, em exibição no CineX, no Shopping, em Catanduva.

O protagonista é, novamente, o próprio Creed, Michael B. Jordan, que de vilão dos dois Pantera Negra, da Marvel, se torna um ator e diretor em evidência.

Mais do que tudo, Creed III mostra que o pupilo prescinde do mestre – esse é o primeiro filme da série derivada em que Stallone não aparece – Jordan é, inclusive, o diretor. O elenco principal ainda tem outros grandes nomes: Tessa Thompson (de Thor – Amor e Trovão) e Jonathan Majors (o grande vilão da próxima fase da Marvel, Kang, o Conquistador), que aparece em Homem-Formiga e a Vespa – Quantumania, em exibição ainda no cinema.

O primeiro Creed – Nascido para Lutar, de 2015, apresentava o personagem do zero, o filho bastardo de Apollo Creed – ex-rival e amigo de Rocky, que foi morto no ringue pelo russo Ivan Drago (Dolph Lundgren). Ele é adotado pela viúva (Phylicia Rashad) do pai, e treinado por Rocky (Sylvester Stallone), e se torna um campeão mundial.

Em Creed II, de 2018, quem desafia o campeão mundial Adonis é Viktor Drago (Florian Munteanu), filho do lutador que matou seu pai. Creed perde a luta, e o drama é se ele vai ou não vencer uma revanche na Rússia. Para isso, Balboa o treinará com um programa espartano.

Creed III inicia com um prólogo sobre sua juventude e um fato que irá reverberar no presente, quando faz sua última luta para manter o cinturão mundial, aposenta-se e parece viver de rendas com sua mulher, Bianca (Tessa Thompson), uma cantora e produtora musical, e a filha pequena deles, Amara (Mila Davis-Kent). Já o passado bate à porta na figura de Damian Anderson, interpretado no presente Jonathan Majors.

Anderson, amigo de juventude de Creed, foi preso quando os dois estavam juntos e cumpriu pena. Agora, juntos novamente, prometem não se separar mais. Há um enorme sentimento de culpa do protagonista frente ao amigo, até que se tornam rivais. Anderson desafia Creed, que irá levar ao inevitável clímax da série num ringue.

Filmes de boxe não tem muito o que inventar, com as inevitáveis cenas lentas e o embate final dos adversários. Mais do que um filme de boxe, no entanto, Creed III usa a estética dos animes, o que pode ser uma inovação no gênero live action. O filme toma empréstimos estéticos de animes como Hajime no Ippo e até Naruto e Dragon Ball, ainda que não se deixe levar pelos exageros que as animações japonesas costumam dar a certos movimentos.

Sem medo de arriscar influências e de abrir mão de algumas marcas registradas da franquia, o longa mostra que tem força e fôlego o suficiente para caminhar com as próprias pernas e longe do próprio Rocky, tanto que o lutador é citado uma única vez.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.