Convite ou desafio?

Do jeito que o tempo  passa, logo-logo estaremos diante das eleições. Poder-se-ia perguntar: nós, cidadãos distantes da política e dos assuntos correlatos,  poderíamos fazer algo para contribuir, de modo que as coisas saiam a contento?  Muito se tem falado a respeito das urnas eletrônicas. Há até livro editado, muito bem escrito,  dizendo que as urnas não são confiáveis. Bem. O fato é que as eleições estão aí e o resultado sairá de seu âmago.  

Parafraseando Martin Luther King, tenho um sonho, eis que este  pensamento me acode: se alguma ou —— quem sabe? —— mais de uma  entidade social, dessas compostas por homens de boa vontade, espalhadas por todo o território nacional,  que permanentemente vivem  com a atenção voltada para o próximo e para o  bem estar social, onde seus componentes  não têm motivos interesseiros  e não esperam qualquer recompensa, tomassem uma decisão ou acolhessem uma sugestão:       levar de roldão o “boca-de-urna”? Sabemos que  agem com agem porque têm capacidade de se dedicar a seus semelhantes. Seus atos, multiplicados por milhões,  produzem a força que mantém a humanidade em ascensão.  

Lápis e papel na mão, cada componente da entidade, portando, indicações da unidade a que pertence —— de Norte a Sul, de Leste a Oeste, em todo o território nacional, sem deixar de lado uma só urna —— se posicionaria ao lado de cada seção e indagaria  a cada eleitor o nome de quem o senhor está depositando na urna? Depois, é só confrontar com o resultado oficial. Se “bater” números com números, aleluia! Somos um País sério, onde a honestidade se faz presente como pano de fundo da democracia! Mas —— e esse é um grande  mas ——  e se não bater? E se ficar evidente que fomos tolos em comparecer às mesas eleitorais, vendo e sentindo o golpe cruel, impiedoso e assassino de nossa Democracia? Aí as entidades  mencionadas também terão bem desempenhado o seu papel, eis que elas, somente elas, podem desempenhar papel tão nobre, tão patriótico. Será, em especial,  expressiva estocada em pretensões como lei da mordaça (aplicável a funcionários públicos), Conselho Federal de Jornalismo (calando a imprensa), e Ancinav (calando a rádio e tevê), sonhos enunciados, no passado,   pelo ente que seria beneficiado com a hipótese de prevalecer  resultado pré-elaborado, pessoa cuidadosamente extraída das garras do Judiciário por mecanismos sobre os quais nem é bom falar! 

Lembremo-nos que Leonel Brizola foi prejudicado pelas urnas eletrônicas da Proconsult. O “boca-de-urna” foi quem estrangulou a farsa e a ele deu a vitória contra Moreira Fraco! E até o TSE foi para o banco dos réus... 

Nossa democracia não pode correr riscos! Afinal, ela  é a arte de nos disciplinarmos de maneira tal que não precisemos ser disciplinados  pelos outros. Ela está precisando de socorro. Tomara que o socorro venha, quer pelo caminho aqui sugerido, quer por solução alternativa.  Aguardemos, pois, que o socorro venha. Aguardemos, também,  o que está por acontecer. 

Aguardemos.

Autor

Marcílio Dias
É advogado e articulista de O Regional.