Conversar pode mudar vidas

O tema da campanha de 2025 do CVV – Centro de Valorização da Vida é “Conversar pode mudar vidas”. E como isso é verdadeiro! Eu mesma, como psicóloga, suicidóloga e também sobrevivente, já vi – e vivi – o poder transformador de uma conversa.

Muitas vezes, pensamos que precisamos ter as respostas certas para ajudar alguém. Mas não é disso que se trata. Uma conversa sincera não exige soluções prontas, exige presença. É olhar nos olhos, ouvir sem julgamento, estar disponível para acolher a dor que o outro carrega. Uma simples escuta pode se tornar o fio de esperança que impede uma vida de se romper.

Todos nós atravessamos dias difíceis, momentos de vazio, dores que parecem não ter fim. E, nesses instantes, saber que existe alguém disposto a nos ouvir pode fazer toda a diferença. O silêncio, ao contrário, aumenta o peso, isola, faz com que o sofrimento pareça maior do que realmente é.

No CVV, aprendemos todos os dias que conversar abre caminhos. Pessoas chegam fragilizadas, muitas vezes sem acreditar que são capazes de continuar, e encontram no diálogo um sopro de vida. Esse movimento é o que o Setembro Amarelo nos ensina: não precisamos carregar sozinhos o que nos machuca.

O suicídio ainda é uma realidade dolorosa, que deixa marcas profundas em famílias, amigos e comunidades. Mas ele é, sim, prevenível. E a prevenção começa quando criamos espaços de confiança, quando perguntamos com interesse genuíno: “Como você está?” e temos coragem de ouvir a resposta, mesmo que ela seja difícil.

Se você está passando por um momento de dor, lembre-se: não está só. O CVV está disponível 24 horas por dia, gratuitamente, pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br. E mais do que isso: ao seu redor, pode haver alguém disposto a ouvir.

Neste Setembro Amarelo, eu deixo um convite: vamos conversar mais, escutar mais, estar mais presentes uns para os outros. Porque, sim, uma conversa pode mudar – e até salvar – vidas.

Autor

Ivete Marques de Oliveira
Psicóloga clínica, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp