Controladores

Pessoas controladoras sofrem muito quando a realidade lhe obriga a reconhecer que o outro é o outro, tem individualidade, e não irá se comportar da forma como o controlador quer.

Podemos apontar duas possíveis origens para esse padrão as quais geralmente se complementam na busca excessiva de controle como forma inibida de expressão dos impulsos sádicos que aparecem na infância, podendo se manifestar com mais força e intensidade em algumas pessoas.

O sadismo indica a obtenção de prazer por meio da agressão, dominação e humilhação do outro, que ao ser inibido por considerações de natureza moral e social pode acabar se expressando em algumas pessoas como um desejo disperso de controle de tudo, uma forma de defesa que o sujeito desenvolveu desde a infância para lidar com determinados traumas causados por negligência familiar, perda precoce dos pais, abusos físicos e ou sexuais, e neste caso, o indivíduo passa a buscar excessivamente o controle porque isso lhe dá a ilusão de que agindo assim conseguirá se proteger contra a ocorrência de outros traumas, um controle por excelência dos impulsos do id que age como colaborador das funções do ego, podendo se tornar extremamente severo e anulando as possibilidades de escolha do ego.

O simples desejo de ter um certo controle sobre a própria vida não é patológico pois a maturidade exige que tomemos as rédeas de nossas vidas mesmo sabendo que o real e o inconsciente existem e que, portanto, esse controle sempre será limitado.

O patológico está relacionado em querer ter o controle sobre a vida do outro, e o que leva a pessoa controladora a ter uma tendência autoritária no sentido de controlar tudo e todos é a falta de sensibilidade perante os demais, passando a atuar atropelando sentimentos com seu temperamento tempestuoso, manipulador e agressivo, ficando “bonzinho” quando o outro faz o que ele quer ou quando sente que pode perde-lo.

Pessoas que convivem de perto com pessoas controladoras precisam ter em mente que seus direitos são inalienáveis, sendo imprescindível manter individualidade, não se submetendo e não permitindo ser manipulado, sobretudo aprendendo a estabelecer a linha tênue da saúde mental, aprendendo a dizer não estabelecendo limites.

Controladores sempre tentarão coagir com suas solicitações ou pedidos, fazendo com que o controlado esqueça de si e de suas necessidades, que confinado afim de não provocar atitudes intempestivas, são submetidos a uma vigilância constante que será sem fim enquanto não dizer basta, sendo capaz de retomar a própria vida escolhendo por si mesmo.

Música “Finally Alone” com Mac DeMarco.

Foto do acervo @cinemaeartenodivã ©

Autor

Claudia Zogheib
Psicóloga clínica, psicanalista, especialista pela USP, atende presencialmente e online. Redes sociais e sites: @claudiazogheib, @augurihumanamente, @cinemaeartenodivã, www.claudiazogheib.com.br e www.augurihumanamente.com.br