Confiança nos números

É bastante comum apresentarmos levantamentos e estatísticas sobre os mais variados assuntos. Mas também é bem comum que alguns leitores não acreditem ou, no mínimo, desconfiem dos números. Não dá para dizer se isso é reflexo das pesquisas eleitorais, sempre duvidosas e muitas delas compradas por um ou outro candidato para ser usada como ferramenta eleitoral, mas essa é uma possibilidade real. A tendência é que o sujeito passe a suspeitar ou até repudiar aquela informação. No recente levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, destacado na edição de sexta-feira, foi demonstrado que o coeficiente de incidência da dengue em Catanduva é inferior do que outras regiões, como as de São José do Rio Preto, José Bonifácio e Votuporanga. Somadas, essas áreas carregam os piores números da dengue do país, já que nacionalmente o Sudeste apresenta os piores índices, tendo como destaque o Estado de São Paulo e, dentro dele, é justamente no Noroeste Paulista que está a maioria dos casos da doença. Ou seja, nossa região é quase um reduto do mosquito Aedes aegypti. Nesse cenário, entretanto, Catanduva revelou indicadores menos graves do que as demais regiões citadas. Nas redes sociais, as primeiras reações diante da reportagem foram de descrença, já que, na linguagem popular, todo mundo conhece alguém que tenha pegado dengue recentemente. Também teve quem tenha levantado a hipótese de subnotificação. O objetivo aqui não é defender os dados públicos sobre a dengue, mas levantar preocupação para a postura reativa diante dos números estatísticos, já que eles existem justamente para nortear ações e balizar decisões. Se passarmos a não acreditar em nenhum deles, como faremos? O fato de Catanduva ter incidência de dengue inferior a outras regiões significa que por aqui tudo está tranquilo? É claro que não. A incidência na cidade é altíssima, mas nas outras regiões a situação é ainda pior. É o que dizem os números.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.