Como vai? Como vai? Como vai?

Um dos lugares que tem a capacidade de reunir uma grande quantidade de artistas, das mais diferentes especialidades, é o circo. Malabaristas, palhaços, acrobatas, contorcionistas, equilibristas, domadores de animais, ilusionistas, entre outros, sempre encheram os olhos do público com um brilho e uma alegria sem fim. 

Organizado na maioria das vezes em uma arena, ora fixos em uma localidade, ora itinerantes, o circo tem uma história bastante antiga. Praticamente todas as antigas sociedades já praticavam algum tipo de arte circense, porém, foi em Roma que o circo, como o conhecemos hoje, começou a ganhar prestígio. O primeiro deles a se tornar famoso foi o Circus Maximus, que teria sido inaugurado no século VI a.C., com capacidade para 150 mil pessoas.  

Com o final do Império Romano e o início da era medieval, vários artistas começaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas, nascendo, assim, as famílias de saltimbancos, que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números. 

Todavia, foi na Inglaterra do século XVIII que temos o surgimento do circo moderno, com seu picadeiro circular e a reunião das atrações que compõem o espetáculo ainda hoje.  

Arrelia 

E por falar em circo e de toda a magia que os espetáculos proporcionam ao seu público, vamos recordar de um grande personagem circense que trouxe enorme alegria para o Brasil. Waldemar Seyssel, mais conhecido como Arrelia, inundava de alegria e risos todos os lugares que passava. Nascido em Jaguariaíva, em 31 de dezembro de 1905, no Rio de Janeiro, é considerado um dos maiores humorista e palhaço brasileiro, exercendo, também, a profissão de ator. 

As matinês do circo do palhaço Arrelia e, posteriormente, o Cirquinho do Arrelia, da TV Record, fizeram parte do cotidiano da família paulistana durante muitos anos, principalmente por causa de seu popular bordão: “Como vai, como vai, como vai? Eu vou bem, muito bem, bem, bem!”, que, inclusive, se tornou o refrão de uma música em ritmo de marcha cantada por ele. 

Waldemar veio de uma família que se mistura com a história do circo no Brasil, iniciando sua atuação com seis anos de idade, em um circo chileno de seu tio, irmão de sua mãe. Sua mãe, inclusive, fez questão que ele estudasse Direito, anos mais tarde, ingressando na Faculdade de Direito São Francisco (USP), formando-se advogado, mas não deixando de lado o palhaço Arrelia, fazendo longas excursões interioranas e longas temporadas em São Paulo. 

Depois de muitos anos de trabalho dentro do circo, resolveu trocar o picadeiro pela televisão, sendo o primeiro de sua família a abandonar o circo, argumentando que o circo não lhe proporcionava renda suficiente para seu sustento e de sua família. 

Catanduva 

Arrelia esteve também em Catanduva esbanjando toda sua arte e humor, quando participava do Circo Seyssel, formando dupla com Henrique. Quando chegava na cidade, o circo ficava por um longo período, tirando sorrisos e despertando alegrias em todos àqueles que o acompanhavam. No final da temporada, era muito comum que fizessem espetáculos beneficentes.  

Em 08 de maio de 1940, o palhaço Arrelia recebeu uma linda homenagem pelo Guarani Futebol Clube de Catanduva. Dr. José Perri deu início à sessão, passando, em seguida, a palavra para o professor Gumercindo Saraiva de Campos, que comentou sobre a ajuda e a contribuição dada por Arrelia para a construção do Estádio. 

Em seguida, foi-lhe entregue uma medalha pelo Dr. Ângulo Dias e o professor Geraldo Corrêa fez a leitura do texto contido no diploma, sendo seguida pela fala de Waldemar Seyssel, cheia de emoções e agradecimentos. 

Waldemar Seyssel faleceu em 23 de maio de 2002, com 99 anos de idade, no Rio de Janeiro. 

 

Fonte de Pesquisa: 

- Acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.