Como orientar os filhos na era digital?

A tecnologia não é apenas uma ferramenta para a nova geração, mas também uma extensão da vida social, do lazer e do aprendizado. O desafio é observar que a grande parte dos adultos ainda se sente como estrangeiro nesse ecossistema do conhecimento. Como integrá-los a esse universo para orientar as crianças e os jovens?

Para os nativos digitais, o uso da tecnologia é tão natural quanto é aos analógicos usar a geladeira, ou acender a luz ao entrar em casa. O mundo e seus perigos estão agora a um clique de distância. Essa realidade nos remete à narrativa mitológica, o voo de Ícaro. Ao receber as asas, estava diante da possibilidade da liberdade, e poderia voar mais alto que qualquer mortal, desde que evitasse o mar e o sol. Mas, ao ignorar a cautela e se aproximar demais do Sol, pereceu.

Essa narrativa simbólica atemporal nos leva a traçar um paralelo à responsabilidade, ao uso da tecnologia e à sensação de liberdade que ela proporciona. Voar perto demais do Sol, como excessos e hiperconexão, poderão levar a irreparáveis quedas. Como Ícaro, os nativos digitais precisam aprender que o caminho a esse universo fascinante precisa ser trilhado com equilíbrio. Diante de inúmeras oportunidades, é necessário respeitar os limites. E como construí-los? E qual seria a rota segura desse voo?

Convivência! Na era digital, a principal regra é sobre comportamento e presença. Os adultos devem avaliar seu tempo de tela, sua comunicação e participação familiar. Muitas vezes, pais cansados após o trabalho, se distraem e perdem oportunidade de conhecer as preferências e a movimentação dos filhos no que se refere à tecnologia. O norte seguro é manter diálogos abertos, sempre questionando os porquês e finalidades do uso, a fim de ensiná-los a analisar suas reais necessidades. E, quando julgar necessário, ativar ferramentas de controle parental. Como enfatizou Rubem Alves no texto “No reino dos porquês”, a casa é um grande laboratório para a boa educação e convivência; e ao ser indagado por uma mãe, que disse não ter tempo para os filhos, ele lembrou de que não é uma questão de tempo, mas de interesse em fazer boas perguntas.

Portanto, educar a nova geração, é também formar para a responsabilidade digital, a segurança online e o cuidado com dados pessoais. Embora, recentemente tenha sido sancionada a Lei 15.211, (ECA digital) para coibir graves violações contra menores de 18 anos, cabe aos pais e responsáveis, a exigente tarefa de acompanhar e orientar seus filhos.

Autor

Solange Pescaroli
Gestora de relacionamento e fundadora da UMA