Como escolher a franquia certa

Falar sobre franquias é, para mim, falar de escolhas. Depois de mais de 20 anos trabalhando com esse modelo de negócio, percebo que muita gente ainda toma decisões com base apenas no entusiasmo. A marca é bonita, o produto vende bem, o ponto parece promissor. Mas uma franquia é muito mais do que isso. É uma sociedade que exige preparo, maturidade e alinhamento de valores.

Antes de pensar no investimento, o primeiro passo é olhar para dentro. Empreender é um exercício de autoconhecimento. É preciso entender se você tem perfil para seguir padrões, lidar com gestão de pessoas e respeitar processos já definidos. A franquia não é uma invenção do zero; é a continuidade de um modelo testado. E quem tenta reinventar demais, geralmente, se perde.

Também é preciso ter clareza sobre o ritmo de vida que você deseja. Há negócios que pedem dedicação integral e outros que permitem uma gestão mais leve. Já acompanhei excelentes marcas naufragarem porque o franqueado escolheu algo que não combinava com o seu jeito de trabalhar.

Outro ponto é o dinheiro. Muita gente olha apenas o valor da taxa de franquia e esquece do capital de giro. O início é sempre desafiador, e o caixa precisa aguentar até que o negócio se estabilize. Não existe retorno rápido nem garantia de sucesso. O que existe é trabalho, método e persistência.

Escolher uma boa franqueadora também exige investigação. Vá além do material comercial. Converse com franqueados, pergunte sobre o suporte real, sobre as dificuldades e sobre a relação com a marca. Um bom franqueador é aquele que está presente no dia a dia, que oferece treinamento, acompanha resultados e entende que o crescimento do franqueado é o que sustenta a rede.

Outro alerta: desconfie de propostas fáceis. Franquias que prometem lucro rápido ou cobram taxas pouco claras costumam esconder riscos. Um contrato transparente, uma marca registrada e um modelo comprovado são sinais de seriedade.

O franchising brasileiro amadureceu, e isso é ótimo. Hoje há oportunidades sólidas em praticamente todos os setores, mas o que diferencia o sucesso do fracasso continua sendo o mesmo: a escolha certa. E essa escolha começa muito antes de assinar o contrato.

Franquia é um casamento empresarial. Funciona bem quando há confiança, diálogo e propósito comum. Quando o franqueado entende o valor da rede e o franqueador respeita o empreendedor que está à frente da operação, o resultado aparece.

No fim, escolher uma franquia é escolher um caminho. E esse caminho precisa fazer sentido para quem vai trilhá-lo todos os dias.

Marcelo Poli

Advogado, especialista em franchising

Autor

Colaboradores
Artigos de colaboradores e leitores de O Regional.