Como desenvolver a autonomia moral?

Estudos recentes e até outros mais antigos, baseados na teoria de Lawrence Kohlberg a respeito da moralidade, apontam que a grande maioria dos adultos não atingiram a autonomia moral, outros estudos com a mesma problemática mostram que inclusive professores também não atingiram a tão desejada autonomia.

Entretanto, praticamente todos os documentos pedagógicos, planos de aula, Projetos Políticos Pedagógicos, planos anuais, entre uma infinidade de outros tantos documentos que existem, trazem em seu conteúdo o desenvolvimento da autonomia da criança. Neste caso, não falo apenas da autonomia motora, ou seja, o ato de se locomover livremente pelo espaço de uma determinada área. Falo exclusivamente da autonomia moral, aquela que permite que o sujeito pense, raciocine e reflita acerca de determinadas situações, tomando por base pontos de vistas diferentes do seu e chegando a resoluções sem serem pautadas na coação.

Aqui encontramos um grande problema, como professores heterônomos, ou melhor, professores que não atingiram o nível de autonomia moral poderão propor e mediar situações em que as crianças poderão desenvolver sua moralidade? Como essa dinâmica seria possível?

Primeiramente, é necessário nos desnudarmos de nossa couraça da resistência ao novo, de fato, o maior impedimento aos avanços acadêmicos, ou melhor, à práxis pedagógica do professor, está na resistência em conhecer algo novo. Tal situação impõe uma conduta de aprendiz, que pode ir de encontro com a sapiência que muitos julgam ter. Mas devo lembrar as palavras de Paulo Freire que trazem mais ou menos assim, quando ensinamos, aprendemos. E ao aprender, ensinamos também.

Desta forma, para que o aluno tenha condições de se desenvolver sua moralidade, se faz necessário que os professores também se desenvolvam e mais, proporem em sua práxis, situações reais para resolução de conflitos, descentrando sua imagem de si mesmo, numa tomada de consciência que permitirá a construção de novos valores morais que serão fundamentais no exercício de sua cidadania.

Obviamente que este é um assunto muito mais complexo, mas é necessário iniciar de algum ponto. Estão preparados?

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva