Começa a corrida por votos com promessas vazias em busca de cargos
O Brasil, este país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, acaba de dar início a uma verdadeira olimpíada de promessas. Com o início oficial da campanha eleitoral, os nossos bravos candidatos a prefeitos e vereadores se preparam para a maratona de discursos, abraços falsos e sorrisos de plástico. Afinal, quem precisa de boa gestão pública quando se tem uma boa marquetagem?
Temos, nada mais nada menos, que 451.988 candidatos espalhados pelos 5.570 municípios. Isso mesmo, quase meio milhão de almas dispostas a enfrentar o desafio hercúleo de não fazer absolutamente nada pelos próximos quatro anos, exceto talvez aumentar seus próprios salários. E o que dizer dos 421.232 candidatos a vereador? A corrida pelo assento na Câmara Municipal é mais disputada que vaga na fila do SUS.
Vamos adicionar um pouco mais de tempero a esse caldeirão eleitoral, incluindo os números dos eleitores. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), temos mais de 156 milhões de eleitores registrados, ansiosos para participar desse festival de promessas e ilusões. Isso significa que, em média, cada candidato precisará convencer cerca de 345 eleitores de que ele é o melhor entre os piores. E se considerarmos que, no Brasil, a abstenção e os votos nulos costumam fazer sucesso, essa tarefa se torna ainda mais desafiadora.
Esses 156 milhões de eleitores representam uma força que, teoricamente, poderia transformar o país, se o voto não fosse mais uma obrigação do que um direito celebrado. Mas, no fim das contas, muitos comparecem às urnas com o mesmo entusiasmo de quem vai ao dentista. Afinal, escolher entre promessas mirabolantes e propostas vazias não é tarefa fácil. A cada eleição, os eleitores são bombardeados com slogans e jingles tão pegajosos quanto inócuos, numa tentativa de transformar a política em um grande circo onde o palhaço, infelizmente, é sempre o mesmo: o povo.
A partir de agora, nossas ruas serão invadidas por bandeiras, santinhos, adesivos e promessas tão mirabolantes que fariam até o Aladim duvidar. E a cereja do bolo? A propaganda eleitoral no rádio e na TV, onde veremos promessas de construção de pontes, até onde não há rios, e a solução de todos os problemas do mundo com apenas uma canetada.
E se alguém, por acaso, ousar ultrapassar os limites da lei eleitoral, será punido com uma multa que vai de R$ 5 mil a R$ 25 mil. Um troco de pinga para quem tem a máquina pública nas mãos. Mas não temam, caros eleitores, pois as campanhas estão apenas começando. Preparem-se para serem conquistados, iludidos e, no final, esquecidos, como sempre. Boa sorte, Brasil! Que os melhores mentirosos (ou não) vençam!
Gregório José
Jornalista, radialista e filósofo
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