Com polêmica, animação da Disney-Pixar vai ao “infinito e além”

Buzz Lightyear se tornou o mais popular dos brinquedos que ganhavam vida quando os humanos não estavam olhando, na bem sucedida série animada da Pixar, Toy Story (1995), agora pertencente à Disney. Marcando esse destaque, o simpático e bem intencionado astronauta inspirado na figura real de Buzz Aldrin, um dos tripulantes da Apollo 11, em 1969, na histórica primeira viagem à Lua, ganha filme próprio como protagonista, em cartaz desde quinta-feira no CineX, de Catanduva.

Buzz Lightyear é um patrulheiro espacial corajoso, idealista, um pouco ingênuo, como seu boneco, fazendo parceria de peso com a comandante Alisha Hawthorne, que não o poupa de suas brincadeiras. Mas é por conta de uma falha de Buzz que a nave sofre um dano, e obriga os patrulheiros a permanecer num planeta hostil, povoado por insetos gigantes e plantas assassinas, a milhões de anos-luz da Terra.

Inconformado com seu erro de cálculo, Buzz torna-se voluntário para um voo de teste, com intenção de descobrir como escapar do planeta. O plano é um sucesso, e Buzz consegue voltar à base. Mas o patrulheiro descobre que se passaram vários anos e não poucos minutos, como parecia, devido aos efeitos relativísticos da viagem espacial.

O filme pode ser um tanto complexo para crianças pequenas devido à sua temática temporal, mas como é típico dos roteiros da Pixar, se apoia bastante nos valores humanos, num filme pensado para toda a família.

O detalhe que se tornou polêmico, em se tratando de uma animação infantil, é a introdução de uma personagem gay, a comandante Alisha, que é negra, e cujo discreto beijo em sua parceira, asiática, causou a censura do filme em 14 países, da China à Arábia Saudita e outras nações muçulmanas. A cena tinha sido inicialmente cortada pela Pixar, mas o protesto dos artistas fez a empresa voltar atrás, mesmo com a ameaça de boicote.

Adiante no tempo, Buzz vai encontrar a neta de Alisha, Izzy, entre outras personagens peculiares, como a idosa ex-prisioneira espacial Darby Steel. Claro que tudo isso é uma estratégia mercadológica da produtora visando o filme ganhar maior representatividade e diversidade, alavancando a imagem de empresa moderna da Pixar, embora também a torne alvo da acusação de “lacradora” feita por conservadores.

Uma das boas ideias do diretor Angus MacLane (codiretor de Procurando Dory), é o gatinho-robô Sox, de Buzz. Além de alívio cômico em diversas cenas, ele logo rouba as cenas e se torna o bichinho fofo adorado pelas crianças.

Lightyear, enquanto animação, tem a qualidade técnica habitual do estúdio, ajudando a manter viva a franquia Toy Story, ainda que através de um de seus “brinquedos”.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.