Clube Sete de Setembro
O Clube Sete de Setembro se localizava na esquina das ruas Brasil e Paraíba, onde hoje funciona uma loja que vende produtos infantis.
Fundado no ano de 1917, teve o prazer de abrigar em seus salões vários sócios que trataram da criação do município de Catanduva, cuja instalação se deu no dia 14 de abril de 1918, às 13h.
A eleição para a formação do primeiro grupo de vereadores de Catanduva se deu no dia 16 de março de 1918, e contou com a presença de 62 votantes.
Como resultado, foram eleitos seis vereadores: Ernesto Ramalho, Adalberto Bueno Netto, Francisco Araújo Pinto, Dr. Nestor Sampaio Bittencourt, Joaquim Delfino Ribeiro da Silva e José Pedro da Mota.
O Coronel Ernesto Ramalho foi escolhido para ocupar a função de prefeito municipal, já que nessa época votava-se nos vereadores e eles escolhiam quem exerceria a função do Executivo e o coronel Joaquim Delfino Ribeiro da Silva desempenhou o papel de primeiro presidente da Câmara Municipal de Catanduva.
A cerimônia de instalação foi presidida pelo Dr. Lafayete Salles, então Juiz de Direito da Comarca de São José do Rio Preto. A partir da instalação, Vila Adolpho passou a chamar-se Catanduva, termo que já era usado desde tempos mais antigos.
Comarca
Um ano depois, ali foi tratado da elevação do município para comarca, cuja instalação ocorreu em 7 de fevereiro de 1920, trazendo grandes benefícios para os moradores locais, que, a partir desta data, não precisariam mais se dirigir para outras cidades, como São José do Rio Preto, por exemplo, para a resolução de problemas judiciários.
Para quem ainda não sabe, uma comarca é um termo jurídico que designa uma divisão territorial específica, que indica os limites territoriais da competência de um determinado juiz ou Juízo de primeira instância.
O fato, tão aguardado pela população, foi realizado às 11 horas do dia 17 de maio de 1920, no antigo Clube Sete de Setembro, onde inúmeros populares se dirigiram para o local, que na impossibilidade de entrarem no recinto, tiveram que aguardar várias horas nas proximidades do prédio. O primeiro juiz da comarca foi o Dr. Raimundo Cândido de Mergulhão Lobo e o primeiro Promotor, o Dr. Adalberto Luiz da Silva Exel.
Eventos
Durante a gripe espanhola, sua sede foi transformada em hospital, onde os doentes eram ali recolhidos e tratados. Além disso, duas grandes obras que ajudaram muito no desenvolvimento de Catanduva tiveram seu nascimento dentro do clube: a ideia da construção do Ginásio do Estado e do Hospital Padre Albino.
De acordo com pesquisa realizada pelo Sr. Nelson Bassanetti, em relação ao Clube Sete de Setembro este relata que “(...) era o ponto de reunião e de dança dos catanduvenses e foi palco de vários eventos significativos. Passaram por ali os pianistas Enzo Soli, Aurélia Vergara, Antonio Munhoz, Fioravante Testa, Adolpho Tabacow, Mário Rosa, Célia Borges e Oscar da Silva; os violinistas Pary Machado, Orsini de Campos, Raul Laranjeira e Zaccaria Autuori; o tenor Reis e Silva e a soprano Carmen Gomes”.
Outro ponto de destaque para o Clube Sete de Setembro foi a presença de figuras de destaques nacionais que abrilhantaram eventos ocorridos dentro do clube. Já estiveram no clube ícones como Jorge Amado, José Lins do Rego, Agripino Griecco, Antonio Calandriello e Ramayana Chevalier, estes dois últimos a mando de Getúlio Vargas, através do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, cujas palestras cultuavam o civismo e o nacionalismo brasileiro.
Conquistas
Ainda de acordo com a pesquisa realizada pelo Sr. Nelson Bassanetti, “(...) na presidência do Sr. Antonio Martins Duarte (dono da Casa Duarte), o Clube adquiriu um piano de cauda da marca “Essenfelder” e em 31 de dezembro de 1936 (Noite de São Silvestre), tivemos a apresentação do violinista Zaccaria Autuori, que tocou Sonata de Corelli, Berceuse de Grieg, Ave Maria de Schubert, Capricio de Florillo, Minueto de Mozart e Capricio de Wieniawsky, acompanhado ao piano por Dona Donatilla Machado de Ávila. Esse piano fez história em nossa cidade, ora tocado por Dona Domitilla, ora por Dona Apparecida Ninno, ou por Dona Maria Fortes Mestrinelli.”
Vale lembrar ainda que os carnavais marcaram época no Clube Sete de Setembro, quando se evidenciava a presença dos casais de foliões, durando seus bailes até sete ou oito horas da manhã do dia seguinte.
Fim do clube
O Clube Sete de Setembro funcionou até 29 de outubro de 1944, quando foi incorporado ao Clube de Tênis, que assumiu seu passivo e recebeu os bens que constituíam seu patrimônio social, entre móveis, utensílios, piano de cauda Essenfelder, piano armário Leipzig, pagando dois mil cruzeiros, que foram doados em partes iguais à Casa da Criança Sinharinha Netto e à Sociedade São Vicente de Paulo.
Fotos:
Quadro do pintor Lecy Pinotti, pintado em 1991, fazendo referência à primeira Câmara Municipal de Catanduva, instalada no dia 14 de abril de 1918 no Clube Sete de Setembro
Aspecto interior do salão principal do antigo Clube Sete de Setembro, que se localizava na esquina das ruas Brasil e Paraíba. Foto tirada em 1920, onde se realizava o julgamento de Victorio de Truri
Participantes do ato de instalação do município de Catanduva ocorrido no Clube Sete de Setembro, em 14 de abril de 1918
Foto tirada no ano de 1942, dentro do Clube Sete de Setembro, durante a realização do Baile Coroação Rainha dos Estudantes
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