Um dos assuntos comentados entre o meio educacional municipal por esses dias foi a resolução publicada pela Secretaria Municipal de Educação, no último dia 18, extinguindo a Escola Municipal de Ensino Supletivo Fundamental e Médio Prof. Claudiomar Couto, que funcionava nas dependências do CAIC, transferindo alunos, docentes e funcionários, bem como o acervo documental, para a escola Graciema Ramos da Silva.

Esse tema me fez relembrar hoje um pouco da história do professor Claudiomar Couto, patrono da unidade, que sempre participou de inúmeros eventos em nossa querida cidade-feitiço.

Nascido em Catanduva, no dia 21 de agosto de 1939, ano em que os países se envolveriam novamente em um grande conflito que conhecemos como Segunda Guerra Mundial, Claudiomar foi um dos maiores incentivadores dos carnavais de nossa cidade, que contava com sua participação nas decorações dos salões ou nas escolas de samba.

Além disso, Claudiomar era muito conhecido por organizar as mais diversas festas em escolas, como Barão do Rio Branco, Nicola Mastrocola, Octacílio de Oliveira Ramos e nas faculdades FAFICA e ESEFIC, com o objetivo de angariar fundos para serem doados à instituições filantrópicas de Catanduva.

Em âmbito municipal, foi diretor do Departamento Municipal de Educação e Cultura, de 1977 a 1983, além de ser, por muitos anos, colunista do jornal O Regional.

Claudiomar era uma pessoa muito culta, tendo se formado pela Faculdade de Artes Plásticas de Ribeirão Preto, além de possuir mestrado na área de Filosofia da Educação.

Infelizmente faleceu em 1987, em um grave acidente de automóvel na Rodovia Washington Luiz.

O Museu Folclórico

Dentre toda sua contribuição para a cidade de Catanduva, uma delas, que é pouco conhecida entre a população, é o Museu Folclórico Inezita Barroso, que se localizava na rua Maranhão, Nº 398, de propriedade desse professor.

O referido museu não apresentava um amplo espaço para visitação, como se apresentam os grandes museus da atualidade, sendo essa uma das grandes frustrações do professor Claudiomar.

Por ser um museu particular, contava com aproximadamente 320 peças, sendo acomodadas precariamente em um cômodo muito acanhado. Porém, sempre foi desejo de seu proprietário ter condições monetárias para aumentar o espaço do referido museu.

Sobre a questão da nomenclatura do museu, Claudiomar explicou, em entrevista à Revista Feiticeira, de dezembro de 1972, que “(...) a essa coleção de peças folclóricas, e muito particular, que eu chamo de ‘museu’, eu dei o nome de Inezita Barroso por ser ela a melhor cantora e pesquisadora folclórica. Ela sendo uma grande entusiasta pelas coisas do povo, pela transmissão oral de nossa cultura popular, achei que o seu nome seria o melhor para denominar o meu tão estimado museu”.

E tamanha era a admiração do professor por essa cantora, que sempre ele fazia questão de mostrar aos visitantes a assinatura de Inezita Barroso em um dos muitos álbuns de recortes sobre folclore.

A criação

A ideia original do museu foi surgindo gradativamente. Como o professor sempre foi apaixonado por folclore, ele vinha ganhando e recolhendo peças referentes a essa categoria ao longo do tempo, e à medida que o tempo foi passando e a coleção crescendo, foi criando a necessidade de uma catalogação e organização. Foi daí que surgiu a ideia de se criar o museu, podendo mostrar a todos os interessados o valor do folclore e da cultura regional de nosso povo.

A maior parte do acervo era constituída por uma coleção de peças de artesanato, feitas de palha, milho, taboa, funilaria, cipó, bambu, crochê, renda de bilros, madeira, couro, palha de coqueiro, palha da Índia, entre outros. Além disso, podia-se encontrar vários objetos dos costumes populares, como panelas de ferro, ferro de passar, pilões, bacias em porcelana, lamparinas, violas, máscaras de folia de reis, recortes de jornais e revistas sobre assuntos relacionados ao folclore.

A maioria das peças era da região de Catanduva, apesar de possuir artefatos de outras regiões, apresentando culturas diferentes da nossa região.

Dentre as obras de artista catanduvenses exposto no museu, podemos citar o Sr. Jacinto Filipino, Dona Lídia dos Santos, Dona Eulália Fávero do Prado, Mário Calandreli, João Almagro, Joaquim Ribeiro dos Santos, Vicente Alves Aranha, Jorge Mouad, entre outros.

Durante sua existência, o museu nunca recebeu nenhum incentivo por parte do Poder Público, e interrogado, na mesma entrevista já citada, Claudiomar desabafa ao ser questionado sobre a possibilidade de receber alguma ajuda de custo: “Isso é coisa que nem espero, pois ele é totalmente particular, e, além disso, as autoridades competentes ignoram completamente a existência de tal coleção em nossa cidade. Assim sendo, eu vou aumentando de forma muito dificultosa dentro das minhas possibilidades, porque os artesãos vendem as suas peças e é com elas que o acervo do museu vai crescendo”.

Fim do Museu

O Museu Folclórico Inezita Barroso, nunca acabou recebendo apoio das autoridades locais para a sua expansão, contando sempre somente com a figura do professor Claudiomar Couto e de todos aqueles que colaboravam com suas obras.

Infelizmente, o professor veio a falecer por consequência de um terrível acidente automobilístico na Rodovia Washington Luís, no dia 14 de abril de 1987. Contava na época 47 anos de idade, lecionando na escola Prof.º Oliveira Barreto, na FAFICA e em uma faculdade de Votuporanga.

Sobre o acervo de tal museu, algumas peças foram doadas, por volta do ano de 2005, ao Museu Governador Pedro de Toledo.

O resto fica apenas na memória daqueles que tiveram o prazer de conhecer o professor Claudiomar e de visitar o seu tão estimado museu folclórico. 

Fonte de Pesquisa:

- Livro A História de Catanduva de A a Z, de Vicente Celso Quaglia.

- Revista Feiticeira, de dezembro de 1972.

- Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

 

Fotos:

Claudiomar Couto sempre teve uma vida ligada à questão cultural na cidade. Nesta foto, tirada no Clube de Tênis, em 1982, temos Aparecido Gonelli, Odilon Casseb, Diomar Chimello, cantora Alcione, Claudiomar Couto e o casal Neise Sanches Pirola e Edegar Pirola, que na época era presidente do clube

Claudiomar Couto ocupou, em Catanduva, o cargo de Diretor do Departamento Municipal de Educação e Cultura, dos anos de 1977 a 1983. Nesta foto, Claudiomar tomando posse no Rotary Catanduva, através de Ronaldo Canhamero

Foto tirada durante o Concurso Miss Itaú, realizado no Clube dos 300, no ano de 1980. Na foto, Claudiomar Couto e Maria Aparecida Rocha

Muitas foram as festas e eventos promovidos pelo professor Claudiomar, e muitas delas se realizaram em escolas de nossa cidade. Nesta foto, tirada na Festa Mexicana, da esquerda para a direita, temos Maria do Carmo Lapa Rodrigues, professor Claudiomar Couto, Lourdinha Fávero, Laerte e Laurinho Gozzo