Cine Especial - 10 segundos para vencer

Dividido entre a família e o esporte, Éder Jofre (Daniel de Oliveira) sonha com o boxe. Vendo de perto a paixão do filho, o treinador Kid Jofre (Osmar Prado) resolve treinar o jovem para se tornar o maior campeão do ringue brasileiro.

Éder Jofre, o mais destacado pugilista brasileiro, dentro e fora do país, faleceu no último dia 2, aos 86 anos, após longo período doente. Com o apelido de Galo de Ouro, conquistou três vezes o título mundial na categoria peso-pena, destacando no boxe por mais de 20 anos. Deixou uma marca histórica até hoje não superada – seu nome foi para o Hall da Fama Internacional do Boxe, nos EUA, único brasileiro a obter tal mérito. Quatro anos atrás fizeram essa cinebiografia competente, bem realizada, sendo uma homenagem emocionante em vida a Jofre. E não é um filme apenas dele, e sim do pai, Kid Jofre, seu treinador na juventude – o pai tem maior destaque que o filho na história, se olharmos bem. O roteiro narra a trajetória de Kid Jofre treinando o filho, até torná-lo quem foi. Kid Jofre era treinador, conquistando títulos no boxe, e com seu jeito turrão, que dava patadas em todos, levou o filho ao ringue para que ele atingisse o sonho de ser boxeador. A luta foi dura, incansável, e a família enfrentava outros problemas, como o financeiro. E assim, dia a dia, Jofre se sobressaía, entregando-se de corpo e alma para os esportes.

Daniel de Oliveira está bem, mas Osmar Prado dignifica o filme (ele lembra mais o Eder que o Kid). Ambos entregam uma interpretação sincera, sem exageros, e o diretor José Alvarenga Jr consegue fazer um filme delicado, para todos os públicos. Alvarenga, vale lembrar, começou a carreira nos anos 80 dirigindo filmes dos Trapalhões (como “O casamento dos Trapalhões” e “A Princesa Xuxa e os Trapalhões”), além de séries e filmes de comédia (como “Os normais” e “Divã”). É seu melhor filme, inserido na linha de dramas reais/biográficos.

Indicado em festivais internacionais e nacionais, deu a Osmar Prado o Kikito de Ouro de melhor ator, que faz esse personagem formidável, uma performance vinda do coração.

10 segundos para vencer (Idem). Brasil, 2018, 122 minutos. Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por José Alvarenga Jr. Distribuição: Imagem Filmes

Nota Especial

Mostra de Cinema de SP é aberta com sessões presenciais e online

Teve início anteontem (dia 20/10) a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que esse ano conta com 231 filmes de 60 países na programação. Ela segue até o dia 03/11 em dois formatos: presencial, em 15 cinemas da capital, e online, nas plataformas Sesc Digital e SP Cine Play. A programação, incluindo o valor dos ingressos, pacotes e credenciais, e as salas e horários de exibição de cada filme, já estão disponíveis no site da Mostra.

Serão exibidos filmes premiados em festivais como Berlim, Veneza, Cannes, Toronto, Tribeca e Sundance, de cineastas renomados, como Alejandro González Iñárritu, Albert Serra, José Eduardo Belmonte, Claire Denis, Peter Strickland, Diego Lerman, Hong Sang-soo, James Gray, Alexandr Sokurov, Isabel Coixet, Carlos Saura, Jafar Panahi e Marcelo Gomes. Nesse ano, a Mostra traz 15 longas pré-selecionados ao Oscar, dentre eles “Nada de novo no front” (Alemanha, de Edward Berger), “Bardo” (México, de Alejandro G. Iñárritu), indicado ao Leão de Ouro em Veneza, “Pilgrims” (Lituânia, de Laurynas Bareisa), ganhador do prêmio de melhor filme no Venice Horizons, no Festival de Veneza, e “Alcarrás” (Espanha, de Carla Simón), ganhador do Urso de Ouro em Berlim. Também terá sessão do filme ganhador da Palma de Ouro em Cannes esse ano, “Triângulo da tristeza”, de Ruben Ostlund.

Longas antigos recém-restaurados serão exibidos em sessões especiais: “A mãe e a puta” (1972) e “Meus pequenos amores” (1974), ambos de Jean Eustache, “Deus e o diabo na terra do sol” (1964, de Glauber Rocha), “A rainha diaba” (1973, de Antônio Carlos da Fontoura) e “Bratan” (1991, de Bakhtyar Khudojnazarov), além de “Durval discos” (2002).

Terá também o retorno das apresentações em VR (Realidade Virtual), com oito filmes de várias nacionalidades, como Brasil, Holanda, Peru e Itália, bem como o lançamento de livros e o “II Encontro de Ideias Audiovisuais”, espaço para debater ideias e incentivar projetos audiovisuais. E por fim, as tradicionais exibições gratuitas no vão-livre do Masp voltarão.

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva