Cidades mais inclusivas
A capacitação técnica para municípios sobre políticas públicas voltadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) e pessoas com deficiência, como a oferecida pelo Centro TEA Paulista, tema de reportagem desta edição, sublinha um princípio fundamental de qualquer sociedade justa: a inclusão como dever do Estado. Políticas públicas eficazes para pessoas com deficiência e TEA transcendem a mera assistência; elas são ferramentas essenciais para garantir a cidadania plena. Quando o Estado investe em formação continuada para profissionais — como os 500 já treinados em diversas cidades —, ele reconhece que a barreira mais significativa não reside apenas na condição individual, mas na falta de preparo estrutural e humano para acolher a diversidade. A inclusão efetiva exige uma mudança de paradigma, passando de um modelo médico-assistencialista para um modelo social de direitos. Isso significa adaptar a infraestrutura, os serviços de saúde, a educação e o mercado de trabalho para que sejam acessíveis e acolhedores. A iniciativa de replicar o modelo do Centro TEA Paulista em todo o estado de São Paulo é um reconhecimento de que o conhecimento especializado deve ser democratizado. Para o TEA e outras deficiências, o atendimento especializado é crucial. Um profissional capacitado compreende as especificidades sensoriais, comunicacionais e comportamentais, o que transforma consultas, terapias e interações sociais de momentos de estresse em oportunidades de desenvolvimento. A capacitação técnica, portanto, é um investimento direto na qualidade de vida e na autonomia dessas pessoas. A responsabilidade de implementar essas políticas recai sobre os gestores públicos. Ao garantir que os municípios tenham as ferramentas para criar ambientes verdadeiramente inclusivos, o poder público cumpre seu papel de promover o bem de todos, sem preconceitos. A inclusão não é um ato de bondade, mas um imperativo legal.
Autor