Catanduva, ‘Capital Nacional da Lombada’

A cidade de Catanduva tem sido alvo de discussões e polêmicas nos últimos tempos, a mais nova é a divulgada ontem no Jornal O Regional, informando a decisão da prefeitura de investir mais de 1 milhão de reais na construção de lombadas, popularmente conhecidas como lombofaixas. Não bastasse as duas centenas de lombadas já instaladas no ano passado, agora aparece mais um pouquinho. Além de um completo absurdo, comprova-se, mais uma vez, que a prioridade da prefeitura é outra.

Lombada em rua que sobe, duas ou mais lombadas na mesma rua, lombada próxima de semáforo, esses são alguns exemplos dessa aberração. A pergunta que tem se repetido é a seguinte: esse é realmente o melhor uso do dinheiro público?

As lombadas, originalmente projetadas para auxiliar na redução de velocidade e garantir a segurança dos pedestres nas vias urbanas, são comumente vistas como soluções paliativas para problemas de trânsito. Embora possam ser eficazes em alguns casos específicos, a construção excessiva de lombadas pode acarretar em diversos problemas e inconvenientes para a população.

Um dos principais argumentos contrários à instalação indiscriminada de lombadas é o impacto negativo no fluxo do tráfego. A colocação excessiva desses obstáculos nas ruas de nossa cidade pode resultar em engarrafamentos, lentidão no deslocamento e aumento do tempo de viagem dos motoristas. Além disso, os veículos precisam frear e acelerar constantemente, o que leva a um maior consumo de combustível e, consequentemente, ao aumento da poluição ambiental.

Outra crítica válida é a falta de planejamento eficiente por parte da prefeitura. Investir uma quantia tão expressiva em lombadas sem análise criteriosa das principais causas de acidentes e congestionamentos na cidade parece ser uma medida precipitada. Seria mais sensato realizar estudos de tráfego, identificar os pontos críticos e buscar soluções mais adequadas, como a melhoria da sinalização, a implantação de rotatórias ou a readequação do fluxo viário.

Além disso, é importante questionar se a verba destinada à construção de lombadas não poderia ser utilizada de forma mais eficiente em outras áreas prioritárias. Catanduva enfrenta desafios significativos em setores como saúde, educação e infraestrutura. Alocar recursos consideráveis em um projeto que pode não trazer os benefícios esperados, enquanto outras necessidades urgentes são negligenciadas, é uma escolha questionável.

É fundamental que a prefeitura de Catanduva reavalie essa decisão e leve em consideração as críticas e preocupações dos cidadãos. É necessário um planejamento mais abrangente e participativo, que leve em conta não apenas a questão do trânsito, mas também o impacto social, econômico e ambiental das medidas adotadas.

Não é de hoje, mas constantemente é falado sobre a necessidade de se repensar a melhor forma de lidar com os problemas da cidade, levando em consideração o impacto negativo na vida das pessoas pela falta de planejamento e a possível alocação inadequada de recursos. A busca por soluções mais eficientes e condizentes com as necessidades da população é essencial para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar de nossa gente.

Autor

Julinho Ramos
Ex-vereador de Catanduva e especialista em Gestão e Controle de Processos na Administração Pública