Carta ao Exército
A democracia é tão bonita que permite até mesmo que manifestantes peçam pelo fim dela mesma, a partir da intervenção militar pleiteada ao Exército Brasileiro, em discurso em defesa da... própria democracia. Essa história parece confusa, mas é basicamente esse o tom dos manifestos conduzidos por grupos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), insatisfeitos com o resultado da eleição que elegeu o ex-presidente Lula (PT) para o seu terceiro mandato. Talvez, na hipótese de que já estivéssemos sob ação militar, esses pedidos todos já não poderiam existir e, muito provavelmente, nem esse texto estaria publicado pois, talvez, o comando militar não concordasse com seus termos. De qualquer forma, como a democracia ainda prevalece, os atos são justos e possíveis e, enquanto eles acontecem, a transição para o futuro governo já vai se desenhando em Brasília. Ontem, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), encontrou-se no início da tarde com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no Palácio do Planalto, na primeira reunião para tratar do assunto. Pelo que consta, as reuniões de trabalho começarão na próxima segunda-feira, data em que começarão a ser divulgados os nomes que vão conduzir essa etapa. Com isso tudo acontecendo, entre comemorações e insatisfações, o Brasil vai seguindo seu caminho, com manifestos pelas rodovias, combustíveis em alta e comerciantes lutando pela sobrevivência, esperançosos com a chegada da Black Friday, a Copa do Mundo e o Natal. Afinal, independente do que acontecer nos palcos de decisão do país, eles precisam pagar suas contas e manter empregos, faça chuva ou sol, com direita ou esquerda, satisfeitos ou não.
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