Carta aberta aos diretores da Fundação Padre Albino

É impossível falar da primeira e segunda geração dos Nardini em Catanduva sem falar da casa da rua Maranhão. E agora, é mais difícil ainda falar da primeira, segunda, terceira e também arrisco dizer da geração que antecedeu meus nonnos, sem falar da casa da rua Aguaí.

Sabe aquele ditado de que quem vê cara, não vê coração? Acho que é mais ou menos o que acontece com quem vê a fachada da casa da rua Aguaí.

Com seus tijolos a vista, lindas sacadinhas na fachada da frente, a casa foi lar na sua máxima capacidade de nove moradores. Aos poucos, por circunstâncias do destino, seja a vida tendo os levado para outro plano ou para uma mudança, os moradores foram se reduzindo como em uma contagem regressiva, chegando ao fatídico zero.

Além de lar desses moradores, a casa abriga histórias da vida de outras tantas pessoas. Como falar da minha infância e dos meus primos sem citar essa casa? Como falar dessa casa sem citar sr. Vitalino, Neusa, dona Antonia e é claro, sr. Domingos, que inclusive brincávamos que na planta baixa da casa deveria até existir um ponto escrito "cadeira sr. Domingos".

Como não falar de Teca e Milu? Ou melhor, do casamento dos dois que fizemos na casa com folhas de samambaia no lugar dos grãos de arroz para o alto?

Os melhores Natais que eu poderia sonhar foram na rua Aguaí.

As festas de aniversário de todos os netos, chás de cozinha, almoços na copa ou na sala de jantar.

Como explicar para uma criança que a casa dos seus nonnos não tinha apenas uma piscina, mas sim três e um elevador!

As noites em claro entre primos, com várias teorias sobre barulhos e também sobre quadros mal assombrados.

Por outro lado, a árvore de Natal vazia, sem todos aqueles presentes, a lembrança da ambulância saindo da casa com o nonno no final da sua doença, ou até mesmo do velório dele.

A casa da rua Aguaí é construída de histórias, algumas tristes e outras tantas felizes. A casa da rua Aguaí é feita dos Nardini, e tenho certeza, que cada Nardini tem um pouco da casa da rua Aguaí dentro de si.

Quando passar em frente, sempre me lembrarei de tudo que vivemos!

Cuidem bem da nossa casa, ou melhor, de parte da nossa história.

 

Carolina Ruete Nardini

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Artigos de colaboradores e leitores de O Regional.